Igreja resistiu ao terramoto mas não ao tempo e agora há um projecto para a salvar

A igreja de São Cristóvão, na Mouraria, foi uma das poucas que resistiu ao terramoto, é das mais antigas de Lisboa mas está muito degradada.

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Miguel Manso

O projecto “Arte por São Cristóvão” vai ser lançado este mês em Lisboa com várias acções para promover e divulgar o património da igreja de São Cristóvão, actualmente degradado, pretendendo-se angariar apoios para reabilitá-lo.

Construída no século XVII, a igreja de São Cristóvão, na Mouraria, um dos poucos edifícios a resistir ao terramoto de 1755, é uma das mais antigas de Lisboa e encontra-se num “estado de quase semiabandono, que seria importante reverter”, afirmou à agência Lusa a responsável pelo projecto, Paula Teixeira.

A iniciativa vai ser executada entre este mês e Fevereiro ou Março de 2016, através de “acções e actividades que vão chamar a atenção para o património da igreja”, desde ‘workshops’, visitas guiadas, espectáculos de fado com artistas locais, concertos de música clássica, encontros e conversas sobre salvaguarda e preservação do património religioso.

“É dar visibilidade à igreja, dar visibilidade ao estado de conservação da igreja, mostrá-la, abri-la, porque também está praticamente sempre fechada”, explicou Paula Teixeira, acrescentando que “quase ninguém conhece” esta igreja na cidade.

Para a responsável, estas acções de divulgação podem dar à paróquia “a hipótese de vir a captar apoios e, eventualmente, até algum financiamento” necessário para fazer obras de recuperação do património degradado.

O “Arte por São Cristóvão” foi um dos projectos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa 2014, com o financiamento de 75 mil euros da autarquia para “única e exclusivamente” promover o património da igreja, frisou Paula Teixeira, explicando que “não tem a componente de intervenção em património edificado”.

Em Outubro, o padre Edgar Clara disse à Lusa que a igreja de São Cristóvão precisa de uma intervenção urgente, pois “existem infiltrações e humidades que vão avançando para o seu estado de degradação total”.

Na igreja existem várias obras de arte dos finais do século XVII, nomeadamente 35 telas da autoria de Bento Coelho da Silveira (1617-1708), que se encontram “quase ilegíveis”.

Para o pároco de São Cristóvão, “é prioritário não deixar degradar mais, conservando e preservando o que existe”.

Classificada como monumento de interesse público pela Direção Geral do Património Cultural (DGPC), a igreja precisa de uma recuperação avaliada em 1,2 milhões de euros, incluindo a estrutura do edifício, telas, pinturas, esculturas e talhas douradas.

O projecto “Arte por São Cristóvão” vai ser apresentado publicamente na segunda-feira, pelas 11h00, na igreja, com a presença da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, da vereadora da Economia, Educação e Inovação, Graça Fonseca, e do director do Serviço de Inventário e Património do Patriarcado de Lisboa, padre António Pedro Boto.

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