Autarca de Elvas considera “estranho” o incêndio no antigo convento de S. Paulo

Bombeiros confrontados com dois focos de incêndio que deflagraram em simultâneo no meio do último andar do edifício onde abundavam tectos, paredes e soalhos em madeira.

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Dominados, a meio da madrugada deste sábado, os últimos focos do incêndio no antigo Convento de São Paulo, em Elvas, já é possível adiantar que a primeira corporação de bombeiros a chegar ao local, pouco depois das 18h de sexta-feira, foi confrontada “com dois focos de incêndio que lavravam no meio do último piso do edifício”, referiu ao PÚBLICO, Tiago Bugio, comandante dos Bombeiros Voluntários de Elvas.

Este responsável disse ter ficado provado “a existência de dois focos de incêndio numa zona abundantemente preenchida de madeira nos tectos, paredes e soalhos”, na parte do edifício onde já funcionou o Tribunal Militar de Elvas, onde não existiam quaisquer ligações eléctricas ou de gás em funcionamento. Acresce ainda que o seu interior “estava totalmente limpo” e que dois dias antes do incêndio até foi visitado pelo ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral, que ali se deslocou para a cerimónia de assinatura do primeiro memorando de entendimento para a concessão de património ao abandono e degradado a privados para investimento turístico.

Com efeito, o Convento de São Paulo, em Elvas, foi o primeiro de 30 edifícios públicos que o Governo concessionou a privados, no âmbito do Programa de Valorização do Património. O projecto antes do incêndio previa um investimento superior a cinco milhões de euros, com o objectivo de criar uma unidade hotelaria.

Nuno Mocinha, presidente da Câmara de Elvas, disse ao PÚBLICO que considera “muito estranho” o incêndio que deflagrou no antigo convento de São Paulo. O sinistro “afectuou apenas 10% de todo o edifício” adianta o autarca, frisando que, depois das operações de rescaldo, fica a aguardar pelos resultados da investigação que será levada a cabo pela Polícia Judiciária, e da vistoria que vai ser feita à estrutura afectada com arquitectura religiosa datada do século XVII.

O presidente do município presume que os danos causados pelo incêndio “não venham a colocar em causa o projecto” assinado dois dias antes da ocorrência do incêndio. “Espero que tudo corra como o previsto” salienta Nuno Mocinha.  

Tiago Bugio esclareceu terem sido destacadas “duas equipas de combate a incêndios” e que logo no início verificou-se “que o incêndio ardia com muita intensidade, envolvendo alguns riscos para os meios envolvidos”.

Com efeito, a localização do incêndio na zona histórica da cidade de Elvas tornou difícil a deslocação de meios de combate às chamas. O veículo urbano de combate a incêndios “não consegue entrar nesta zona da cidade” salientou Tiago Bugio. E, foi tendo em conta estas limitações, que as corporações de bombeiros foram forçadas a intervir com os meios de que dispõem acentuou o comandante da corporação de Elvas, realçando a colaboração prestada pelos bombeiros de Campo Maior, Arronches e Monforte. Ao todo estiveram envolvidas no combate às chamas 47 bombeiros e 16 viaturas.

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