Voleibol do Benfica tem alargado a sua frente de ataque

“Encarnados” já ganharam dois troféus nesta época e têm outros dois na mira. Projecto sólido virou-se neste ano para a Europa.

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O CV Andorra nos 32 avos-de-final (adversário que acabaria por desistir da prova), o Partizan Vizura Belgrado nos 16 avos-de-final (duas vitórias por 3-1), a Fonte do Bastardo nos oitavos-de-final, num duelo estritamente português (triunfo por 3-2 em casa e por 3-2 nos Açores), o Ethnikos Alexandroupolis nos quartos-de-final (3-0 na Luz e novo sucesso por 3-2 na Grécia) e, finalmente, o CMC Ravenna, um histórico que foi tricampeão europeu (1992, 1993 e 1994). Em Lisboa, o Benfica impôs-se por 3-0, voltando a superiorizar-se em Itália, no domingo, por 3-2.

Foi este percurso imaculado, e o consequente salto até à final da terceira competição europeia de clubes (para além da Taça Challenge, disputam-se a Liga dos Campeões e a Taça CEV), que levou nesta segunda-feira cerca de 30 adeptos até ao aeroporto de Lisboa, para receberem a comitiva.

“Estou muito feliz. Em primeiro lugar, por ter atingido esta final, e em segundo lugar, por termos a possibilidade de encerrar esta competição na nossa casa. Temos a garantia de que o foco final desta grande competição e deste grande percurso vai ser no Pavilhão da Luz, perante os nossos adeptos, e isso é impagável”, sublinhou, à chegada, José Jardim, uma das grandes figuras do voleibol do Benfica, clube em que acumula anos de casa, primeiro como jogador e até à data como treinador.

O técnico das “águias” refere-se ao facto de o segundo jogo da final ser disputado em Lisboa, a 12 de Abril, estando a primeira mão agendada para o dia 8, na Sérvia. O adversário será o Vojvodina, de Novi Sad, um emblema que conta no currículo com duas presenças nas meias-finais da Liga dos Campeões (1988-89 e 1995-96). “Uma grande equipa”, segundo Jardim, que ainda assim prefere enaltecer “a atitude, a vontade de vencer, a humildade e o carácter” dos “encarnados”.

Os altos e baixos da história
O actual momento que o clube está a viver radica numa aposta reforçada no voleibol, especialmente ao longo dos últimos cinco anos. Um investimento feito em contraciclo, num período em que a esmagadora maioria dos clubes portugueses atravessa dificuldades financeiras.

Depois do título nacional conquistado em 2004-05, os “encarnados” foram limando o projecto, mesmo que os resultados tenham demorado mais do que a forte aposta na secção faria antever. O que é certo é que tudo foi surgindo em crescendo desde então: três quintos lugares na A1, um terceiro, três segundos e dois títulos nacionais, por esta ordem.

Com uma equipa consolidada, e recheada de internacionais portugueses, o Benfica cimentava a sua posição no voleibol nacional e criava condições para pensar nas provas europeias, quase uma década depois da última participação (em 2006, chegou aos quartos-de-final da Taça dos Clubes de Topo, caindo aos pés do Portol Son Amar Palma, naquela que foi, até esta época, a sua melhor performance europeia). Antes, as “águias” tinham passado duas vezes pela Liga dos Campeões (1981-82 e 1991-92), outras duas pela Taça das Taças (1990-91 e 1992-93) e uma pela Taça CEV (1993-94).

Uma temporada depois, porém, o voleibol do Benfica viveria o momento mais negro da sua história, quando o presidente do clube à época, Manuel Damásio, decidiu suspender a equipa sénior e uma tradição com mais de 50 anos. O hiato durou três épocas e, quando os “encarnados” regressaram à competição, em 1997-98, tiveram de partir da base, dos campeonatos regionais de Lisboa, retomando o seu lugar no primeiro escalão em 2000-01.

Passaram quinze anos e, na actualidade, o clube assume-se como a grande potência da modalidade em Portugal, tendo já em 2014-15 conquistado a Supertaça (3-0 ao Castêlo de Maia) e a Taça de Portugal (3-0 ao Sporting de Espinho). No campeonato, já se qualificou, pela sexta vez consecutiva, para a final dos play-offs, em que discutirá o título nacional com a Fonte do Bastardo.

E é com duas finais na mira que o Benfica vai atacar a recta final da temporada. Fora de portas, poderá tornar-se na segunda equipa portuguesa a vencer uma prova europeia (depois do Sp. Espinho em 2000-01, na Taça dos Clubes de Topo); cá dentro, tem a possibilidade de se tornar no sexto clube a sagrar-se tricampeão nacional.

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