Foi difícil, sem João Mário, mas Sporting passou no teste em Paços de Ferreira

Depois de uma vitória justa, "leões" pressionam os rivais, que ainda não jogaram nesta segunda jornada.

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Miguel Riopa/AFP

Se a consistência defensiva "leonina" se mantiver assim, será difícil fazer golos a este Sporting. Se a dinâmica ofensiva se mantiver assim, será difícil os "leões" fazerem muitos golos. Esta frase resume o Paços de Ferreira-Sporting, da 2.ª jornada da Liga. O Sporting não foi "papão", mas foi forte o suficiente para passar no sempre difícil teste da Mata Real (0-1). 

Boa casa em Paços de Ferreira, com um ambiente “quentinho”, proporcionado pelo sol que aquecia a Mata Real, por um lado, e pelos ruidosos adeptos do Sporting, com 90 minutos de cânticos, por outro. Foi neste ambiente que os artistas foram recebidos. E por falar em artistas, houve um que não esteve presente, mas houve outro que regressou. João Mário ficou fora dos convocados e poderá estar perto de ser transferido, mas voltou Slimani, que na primeira jornada esteve castigado.

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O “novo João Mário”, nesta equipa de Jorge Jesus, foi Gelson Martins. O jovem extremo jogou no corredor direito e, com Slimani na equipa, Bryan Ruiz pôde sair do eixo do ataque e voltar à posição habitual, descaído sobre o corredor esquerdo. Jefferson passou de titular a não convocado e foi Bruno César o escolhido para jogar a lateral-esquerdo. De resto, foi o figurino habitual: 4X4X2, com Adrien no papel de “todo-o-terreno” e Alan Ruiz a fazer de segundo avançado.

Do lado pacense, entraram para o "onze" Filipe Ferreira, Leandro Silva e Barnes Osei e o treinador Carlos Pinto, estreante na Liga, procurava dar a Matheus, o médio mais defensivo, a companhia de um Leandro Silva voluntarioso, mas com capacidade de ter bola. Sem Minhoca, o Paços perderia criatividade, mas Osei seria o “queniano” capaz de esticar a equipa e aproveitar espaço nas costas dos nem sempre certinhos laterais leoninos.

Pouca magia e muitas perdas de bola

Jorge Jesus previu, na antevisão, que seria um jogo complicado, e não se enganou. Com o jogo lançado nestas bases, a partida começou bastante confusa, com muitas perdas de bola, mas com um Paços a entrar forte e disponível para sair para o ataque com bastantes jogadores (ganhou mesmo o primeiro canto, aos três minutos, e fez o primeiro remate, aos dez).

Islam Slimani entrou muito bem na partida (e no campeonato), mostrando a já habitual disponibilidade para cair nas alas e dar profundidade, com a equipa em posse de bola, e pressionar os adversários, em processo defensivo.

O primeiro lance de verdadeiro perigo surge aos 11 minutos, com um passe longo de Adrien para a desmarcação de Gelson. O guarda-redes Rafael Defendi foi obrigado a sair da sua zona de conforto e ir até ao limite da área, para afastar a bola, de cabeça.

Depois de uma fase mais “morna”, o Sporting carregou e foi somando ocasiões de perigo. Tripla ocasião aos 27 minutos: livre à maneira curta batido por Adrien. William devolve ao capitão, que remata fraco, mas perto da baliza. Pouco depois, remate de João Pereira dentro da área, contra um corpo “amarelo”. No respectivo canto, a bola sobra para Bruno César que, vendo o adiantamento do guarda-redes, tentou o “chapéu” do meio-campo.

Na segunda metade da primeira parte, o Sporting cresceu com o crescimento de Alan Ruiz. O argentino começou a dar-se mais ao jogo e a procurar recuar mais no terreno, fazendo a ligação que estava a faltar à equipa. Aos 33 minutos, veio o lance mais perigoso do jogo: Alan Ruiz remata forte, de pé esquerdo, para defesa apertada de Defendi.

Um golo vale sempre um golo, mas costuma dizer-se que há alturas “especiais” para marcar. Já em cima do intervalo, e depois de Slimani ter desperdiçado uma boa ocasião, chegou o golo, na tal fase “especial”. Slimani ganhou uma bola “à Slimani”, pressionando a defesa pacense, num lance aparentemente perdido. A bola sobrou para Bruno César e, numa jogada bonita, o brasileiro cruzou, Gelson amorteceu, Adrien recebeu e, num remate semi-acrobático, fez o golo. Vantagem justa do Sporting, ao intervalo.

A segunda parte continuou na mesma toada calma, sem grande magia, mas com bastante “correria”. Aos 58 minutos, Gelson consegue espaço para cruzar, no corredor esquerdo, e Slimani chega ligeiramente atrasado para encostar para golo.

Aos 65 minutos, Jorge Jesus fez uma pequena revolução no seu “onze”. Entrou Zeegelaar para o lugar de Alan Ruiz. O holandês entrou para lateral, Bruno César subiu para a ala esquerda e Slimani mantinha a companhia de um Ruiz – agora Bryan – no eixo do ataque.

Do lado pacense saíram os dois jogadores em melhor nível na primeira parte: Leandro Silva e Barnes Osei. O n.º 10 Minhoca já estava em campo, bem como o avançado Cícero, que se juntou a Whelton, e foi a peça que ajudou a criar um 4x4x2 mais ofensivo e com mais presença na área.

As alterações tornaram o Paços mais atrevido e o Sporting mais tímido, sobretudo sentindo que se aproximava o apito final do árbitro lisboeta Hugo Miguel. A maior presença do Paços na área “leonina” não se materializou, no entanto, em oportunidades de relevo.

Até final, o jogo continuou “morno”, muito morno, e o Sporting estava confortável, numa partida em que o Paços não se mostrou ameaçador. O tempo passou e passou também o Sporting, neste teste sempre difícil, na Mata Real.

Texto editado por Nuno Sousa

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