Campeão tropeça na ineficácia e só salva a face de penálti

À segunda jornada, os "encarnados" perdem os dois primeiros pontos da temporada (1-1), ao cederem um empate frente ao V. Setúbal.

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PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

O Benfica evitou a oito minutos do fim, num penálti de Jiménez, que os quase 60 mil adeptos que se deslocaram à Luz saíssem vergados a uma derrota histórica frente ao V. Setúbal. À segunda jornada da Liga 2016-17, os "encarnados" escorregaram pela primeira vez (1-1) e estão agora dois pontos atrás dos rivais directos na classificação

No "onze" inicial, Rui Vitória optou por Salvio, em detrimento de Gonçalo Guedes, deixando Pizzi no apoio directo a Mitroglou, numa perspectiva de fortalecer, através da experiência e do carácter, a capacidade de resistir a um jogo de nervos.

Depois de Sporting e FC Porto terem superado os respectivos jogos com vitórias pela margem mínima, o treinador do Benfica preparava-se para um cenário de dificuldades, pois tinha plena consciência de que não poderia contar com a simpatia da parte dos sadinos, cujo bloco compacto obrigava a “águia” a desdobrar-se num espaço demasiado reduzido para a amplitude do futebol dos campeões nacionais.

A equipa liderada por José Couceiro estava preparada para sofrer, mas também para aproveitar a mínima distracção benfiquista, o que na prática poderia ter sucedido com uma bola longa que o estreante João Amaral (recrutado no Pedras Rubras, do Campeonato da Portugal) dominou no meio de Lindelof e Grimaldo, obrigando o guarda-redes Júlio César a resolver a primeira grande situação de apuro do encontro, quando estavam decorridos 13 minutos.

O aviso estava feito, embora os sadinos soubessem que não podiam iludir-se, mantendo a coesão e concentração no máximo. Atento, o ex-benfiquista Bruno Varela – regressado do Rio 2016 – evitou na jogada seguinte que o remate de Nelson Semedo obrigasse a alterar a abordagem do Vitória.

Com menos Cervi do que os benfiquistas esperavam e com Mitroglou ainda a procura do momento certo para se mostrar, a equipa de Setúbal geria os raros momentos de crise com a tranquilidade possível, mostrando sempre uma disponibilidade para sair a jogar, com Mikel Agu a cumprir bem a ligação aos homens da frente, fosse por intermédio de Costinha ou João Amaral, sempre na expectativa de que a bola pudesse chegar em boas condições a André Claro, como, aliás, aconteceu logo aos seis minutos, com o remate a sair ao lado.

O Benfica não se intranquilizava e Mitroglou lá apareceu, primeiro para testar o remate após lance de Fejsa, e depois a cabecear mais alto do que toda a defesa e a obrigar Bruno Varela a mostrar todos os reflexos para evitar o golo.

Antes do intervalo, o Benfica ainda tentou simplificar o regresso para a segunda parte, mas Varela voltou a negar o golo a Pizzi, enquanto o árbitro não atendia ao pedido para castigo máximo por mão na área sadina.

Os nervos estavam já à flor da pele e as bancadas insurgiam-se contra o “filho” Bruno Varela, que ia ganhando uns minutos e recuperando o fôlego enquanto esperava por assistência médica.

Com a margem de manobra cada vez mais reduzida, numa corrida contra os ponteiros do relógio, o Benfica reentrava apostado em resolver depressa e Lisandro ia lá à frente para colocar em sentido a defesa setubalense.

Os treinadores mantinham tudo praticamente igual, mas depois de Júlio César ter evitado o pior num cabeceamento impregnado de veneno de André Claro, Rui Vitória decidiu-se a trocar Cervi por Jiménez, na esperança de poder despertar o instinto assassino que faltava aos encarnados.

Na prática, com Pizzi a passar para a ala, o Benfica intensificou o assalto e apertou o cerco, mas não foi capaz de furar o bloqueio. Por isso, Rui Vitória chamou Carrillo numa tentativa de refrescar o ataque em termos físicos e, sobretudo, na impressibilidade que faltava para superar a defesa contrária.

Missão que se tornaria, enquanto o treinador instruía Carrillo, em algo bem mais complexo, já que o Vitória de Setúbal beneficiava de um livre que Frederico Venâncio, com um ligeiríssimo desvio de cabeça, transformava no primeiro golo do encontro. Um golo que mergulhava o estádio num ataque de pânico quando faltavam pouco mais de 20 minutos para inverter o resultado.

Carregou, então, o Benfica à procura do empate, que chegaria pelos pés de Jiménez, através de uma grande penalidade a castigar falta na área sobre Gonçalo Guedes (lançado para o lugar de Nelson Semedo). O mexicano empatou e os "encarnados" foram à procura do 2-1, que só não chegou porque aos 90' Bruno Varela travou um livre directo de Grimaldo e a consequente recarga de Lindelof foi devolvida pela trave.

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