Russos param de procurar meteorito no lago Tchebarkoul
NASA actualiza dados sobre meteoro que caiu na sexta-feira perto da cidade russa de Cheliabinsk. Cientistas pensam em estratégias futuras para antecipar desastres futuros.
Oficiais russos abandonaram as buscas de um dos fragmentos do meteoro que terá caído na sexta-feira no lago Tchebarkoul, que fica perto dos Uais.
Testemunhas viram na altura que o lago tinha sido atingido por um dos fragmentos. Depois, encontrou-se um buraco de seis metros de diâmetro no gelo que cobre a superfície do lago, mas não há sinal do meteorito. “Tomámos a decisão de parar as prospecções. Não continuamos mais hoje”, explicou à AFP Viatcheslav Ladonkin, porta-voz do Ministério das Situações de Urgência.
No sábado, mergulhadores tentaram encontrar no fundo do lago o meteorito. De acordo com a agência noticiosa francesa, Vladimir Poutchkov, ministro das Situações de Urgência, esteve no sábado nos Urais e explicou que a existência de uma camada 1,5 metros de lodo que cobre o fundo do lago dificultou as buscas.
Milhares de pessoas viajaram para a cidade de Cheliabinsk para consertar os estragos, numa região junto dos Urais onde as temperaturas no Inverno descem até aos 20 graus negativos e a protecção das casas é vital.
Na sexta-feira ao amanhecer, a Rússia sentiu na pele o que deixou o resto do mundo de boca aberta: os meteoros caem e podem ter consequências dramáticas. Por volta das 7h20 daquela manhã (3h20 em Lisboa), na cidade de Cheliabinsk, com mais de um milhão de habitantes, a 1800 quilómetros a leste de Moscovo, um meteoro passou pelo céu a velocidades sónicas, afectando 300 edifícios e fazendo estragos de 25 milhões de euros. Ao todo, 1200 pessoas ficaram feridas, não houve mortos, e a grande maioria dos feridos não são graves.
A NASA, a agência espacial norte-americana, actualizou entretanto os números sobre o meteoro. Com a ajuda das observações feitas por mais cinco estações de infra-sons que seguiram a chegada da rocha, a agência espacial norte-americana calcula que o seu tamanho à entrada da atmosfera era de 17 metros de diâmetro e não de 15. O cálculo da massa do meteoro também subiu de 7000 para 10.000 toneladas.
Na mais inacreditável das coincidências, sexta-feira foi também o dia em que passou muito perto da Terra um asteróide com 45 metros de diâmetro. O 2012 DA14 ficou apenas a 27.600 quilómetros de distância da Terra, a menos de um décimo da Lua. Se, por acaso, tivesse colidido com a Terra, os danos provocados poderiam ser terríveis. A conjugação destes dois fenómenos pôs autoridades políticas, agências espaciais e cientistas a discutir sobre a urgência de um sistema eficaz que avise, com antecedência, da chegada de asteróides que representem perigo.
A ocorrência de sexta-feira "é uma forte lembrança da razão por que necessitamos de um esforço continuado em rastrear e identificar os objectos que existem na proximidade da Terra”, disse Thomas Reiter, o director do programa de missões espaciais tripuladas da Agência Espacial Europeia. “O nosso programa Space Situational Awareness [programa para o estado de alerta dos perigos espaciais] está a desenvolver um sistema de telescópios ópticos automáticos que podem detectar asteróides e outros objectos em órbitas solares”.
Segundo o comunicado da ESA, a agência espacial europeia, o objectivo é conseguir encontrar os objectos com mais de 40 metros de diâmetro que se aproximem da Terra com pelo menos três semanas de antecedência.