Rewilding permite-nos coabitar com as nossas espécies carismáticas

O projecto LIFE WolFlux, que teve início em 2019, teve como objectivo melhorar a coexistência entre o lobo ibérico e as comunidades humanas.

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“Onde há lobo, há ecossistemas equilibrados.", diz Sara Aliácar, directora de conservação da Rewilding Portugal. 

O projecto LIFE WolFlux, que teve início em 2019 e prepara-se para os últimos meses de trabalho, teve como objectivo melhorar a coexistência entre o lobo ibérico e as comunidades humanas, num cenário de potencial aumento de ataques do lobo ao gado nas zonas onde há pouca abundância e pouca diversidade de presas selvagens. “Estamos a aprender a coabitar com as nossas espécies carismáticas”, explica o biólogo André Couto, da Rewilding Portugal. Para isso, é preciso pôr “todas as peças do ecossistema a funcionar”.

Na região de Vila Nova de Paiva, no distrito de Viseu, há alcateias estabelecidas de lobo-ibérico, mas há ainda pouca densidade de corço (estes distribuem-se mais na zona do Vale do Côa), uma das ajudas mais preciosas foi nada menos do que a dos caçadores, que puseram o conhecimento do território ao serviço do projecto. Neste momento, na maior parte do território, o corço não é uma espécie cinegética, ou seja, a sua caça ainda não é autorizada. O trabalho com as zonas de caça de Vila Nova de Paiva e Moimenta da Beira permitiu a criação de um Plano Global de Gestão do Corço, uma iniciativa inovadora que permitiu limitar a caça da espécie até que a população de corços atinja uma maior densidade nesta região. O projecto ajuda a que os “animais tenham acesso a mais recursos, portanto, mais opções”.

“Este movimento de Rewilding parte de uma premissa: nós não somos o principal actor disto tudo”, nota ainda Pedro Prata, director executivo da Rewilding Portugal, enquanto nos mostra o Vale Carapito, uma das propriedades que são ex-libris da Rewilding Portugal. “Estamos incluídos num grande grupo de seres vivos que compõem a biosfera deste planeta e que é interdependente para a sua própria sobrevivência neste planeta.”