Existem outras visitas guiadas a decorrer, a maioria escolares, mas neste salão da caverna de Santana, já tão embrulhado no labirinto subterrâneo que a luz rareia, ouve-se silêncio pela primeira vez. Apagamos a lanterna que trazemos no capacete. Escuridão total. A sala é pequena e temos, pela primeira vez, a sensação de estarmos mergulhados nas entranhas da Terra, sem a mínima noção de quão longe estamos da entrada ou saída. Maurício, o nosso guia pelas grutas do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), liga a lanterna. Uma luz sumida ilumina apenas o que está imediatamente à sua frente: uma cortina de estalactites que desce do tecto junto a uma das paredes da caverna. Silêncio. As mãos erguem-se e do dedilhar contra as colunas calcárias sai, de repente, música, como se tocasse um xilofone suspenso. É só nosso o concerto da Terra.
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