Chega é a terceira maior força política de sempre em democracia
Só a APU, de Álvaro Cunhal, e o PRD, criado em torno da figura de Ramalho Eanes, se aproximaram da percentagem de deputados que o Chega agora terá no Parlamento.
Com a eleição de pelo menos 48 deputados em 226 mandatos atribuídos na noite eleitoral deste domingo (falta ainda atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração), o partido de direita populista radical Chega tornou-se na terceira maior força política de sempre na democracia portuguesa. A representação parlamentar agora conquistada é a maior de qualquer terceiro partido em qualquer eleição desde 1974. Ainda assim, não obteve a terceira maior percentagem de votos de sempre, nem acumula o terceiro maior número de votos de sempre — algo que, porém, ainda se pode alterar com os resultados dos círculos da Europa e Fora da Europa.
Historicamente, competem para esta posição outras duas forças políticas: o Partido Renovador Democrático (PRD) e a coligação Aliança Povo Unido (APU), que à época juntava o PCP e o MDP/CDE e era liderada por Álvaro Cunhal.
Nas eleições legislativas de 1979, vencidas pela Aliança Democrática original, a APU teve 1.121.374 votos, 18,96% do total, sentando 47 deputados — ou seja, menos um do que os 48 agora eleitos pelo Chega. Neste momento, o Chega conta com 1.108.764 votos que representam 18,06% do total das votações — logo, fica atrás da APU nesses valores (apesar de ainda a poder ultrapassar em número absoluto de votos).
Note-se também que até 1991 o Parlamento português sentava 250 deputados, pelo que os agora 48 deputados do Chega num total de 230 serão um bloco maior do que os 47 da APU no universo de 250. O Chega já soma 48 dos 226 deputados eleitos (há ainda quatro por eleger), o que equivale a 21,24% dos deputados. Na APU, 47 deputados em 250 representavam 18,8% do hemiciclo.
Nas eleições de 1985, as primeiras vencidas por Cavaco Silva, o PRD, ligado a Ramalho Eanes, teve 1.036.323 votos, 18,04% do total de mandatos, sentando 45 deputados.
O PRD fica abaixo do Chega em todos os parâmetros — número de deputados, votos absolutos ou percentagem nas eleições. Os 45 deputados do PRD na altura representavam 18% de um hemiciclo composto por 250, o que mais uma vez fica abaixo da percentagem de deputados que o Chega terá no novo quadro parlamentar.