A Quinta da Invejosa e as raízes que um nome tem

A produção excede os 800 mil litros, mas a Filipe Palhoça Vinhos mantém viva a matriz de empresa familiar. Na Quinta da Invejosa, descobre-se a riqueza que pode despontar do solo arenoso do Poceirão.

Filipe Palhoça, productores de vinho. Poceirão. 061022
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Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), é a casa da Filipe Palhoça Vinhos Miguel Madeira
Filipe Palhoça, productores de vinho. Poceirão. 061022
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Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), é a casa da Filipe Palhoça Vinhos Miguel Madeira
Filipe Palhoça, productores de vinho. Poceirão. 061022
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Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), é a casa da Filipe Palhoça Vinhos Miguel Madeira
Filipe Palhoça, productores de vinho. Poceirão. 061022
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Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), é a casa da Filipe Palhoça Vinhos Miguel Madeira

A inveja não é coisa bonita, sabe-se, mas dá sempre uma boa história. Se com a história vier um nome que prende a atenção, tanto melhor. Esta começa algures nos anos 1940, quando o sogro de Filipe Palhoça olhou com olhos de ver para uma propriedade situada entre Poceirão e Marateca, na planície de areias de Palmela. Fazia algum tempo que “ninguém lhe dava grande importância”, conta Marta Palhoça, responsável de enoturismo e parte da terceira geração desta casa fundada em 1950.

“Quando ele decidiu comprar a quinta, de repente já apareceu imensa gente interessada”, continua. A fazer dessa cobiça marco histórico, ficou baptizada a propriedade – tomando, quem sabe?, inspiração da propriedade vizinha, que, conta Marta, se terá em tempos chamado Quinta da Teimosa. Um bom nome é sempre um bom nome.

As terras, essas, ainda hoje são elogiadas. Em 2018, a Associação de Viticultores do Concelho de Palmela atribuiu-lhes o prémio de melhor vinha, que reiterou no ano seguinte. Como nos anos de pandemia o prémio não foi atribuído, a Quinta da Invejosa mantém-se ainda, com as devidas aspas, “detentora do título”. São vinhas modernas, restruturadas para permitir a mecanização e a optimização em função da exposição solar e das condições do terreno. Essa modernização, contudo, não jogou borda fora as tais vinhas que pontuam o início da história.

Marta e Nuno Palhoça são a terceira geração da família Palhoça à frente da Quinta da Invejosa Miguel Madeira
A Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), é a casa da Filipe Palhoça Vinhos Miguel Madeira
A Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), é a casa da Filipe Palhoça Vinhos Miguel Madeira
A Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), é a casa da Filipe Palhoça Vinhos. A loja da quinta funciona também como sala de provas. Miguel Madeira
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Marta e Nuno Palhoça são a terceira geração da família Palhoça à frente da Quinta da Invejosa Miguel Madeira

Um monumento vivo

Diante da adega, à beira da vinha pedagógica que coloca em exposição as quase duas dezenas de castas presentes nos 110 hectares cultivados pela Filipe Palhoça Vinhos (dos quais 18 nesta quinta), persiste um talhão de castelão de respeitável idade, que dá origem ao tinto Vinhas Velhas e é um monumento vivo às raízes da casa.

A empresa ostenta no logótipo a data de 1950, ano de fundação pela mão de Filipe Palhoça. A pequena adega (com funções paralelas de taberna) que o seu pai tinha em Águas de Moura foi o embrião para um negócio de raiz familiar, robustecido pela construção de uma nova adega, pela expansão da área de vinha e pela natural evolução das empresas do sector – da venda ao balcão para a venda a granel, e daí para o engarrafamento com marca própria.

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À entrada da Quinta da Invejosa, no Poceirão (Palmela), um baloiço convida a contemplar as vinhas. Miguel Madeira

Hoje é Nuno Palhoça, filho do fundador (e marido de Marta), quem assume o pelouro da viticultura e do negócio do vinho, com a enologia entregue ao multipremiado Jaime Quendera. As vinhas são cultivadas em regime de produção integrada, um patamar de sustentabilidade que favorece a gestão racional de recursos e o uso de métodos de regulação natural, em detrimento de produtos nocivos ao ambiente.

Quando vem à conversa o assunto das alterações climáticas, que obrigam à antecipação da vindima, Nuno defende o potencial das variedades locais, e o castelão afigura-se como uma casta de futuro: “É daqui da região, é uma casta resistente.” Não estando, poderia estar também a fazer referência à longa ligação da sua família a esta planície. Mais do que apenas um nome, o apelido Palhoça vem de gente com raízes firmes neste chão arenoso.

Filipe Palhoça Vinhos
Quinta da Invejosa, EN5, Poceirão (Palmela)
GPS: 38.621857, -8.725191
Tel.: 265 995 886
Web: filipepalhoca.pt
Das 09h às 13h e das 14h às 18h. Encerra ao domingo
Visitas com prova desde 5 euros (3 vinhos)


Este artigo foi publicado no n.º 4 da revista Solo.

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