Ténis australiano revive êxitos dos anos 80

Ashleigh Barty e duas duplas locais vão estar em finais no último sábado do Open da Austrália.

Foto
Ashleigh Barty Reuters/MORGAN SETTE

É preciso recuar 42 anos para os australianos se recordarem de quando viram uma senhora e quatro homens compatriotas a discutirem títulos no seu Open. Contudo, no próximo sábado, 42 anos depois, a história vai repetir-se em Melbourne: Ashleigh Barty é a favorita na final de singulares e as duplas Nick Kyrgios/Thanasi Kokkinakis e Matt Ebden/Max Purcell vão decidir entre si o título de pares masculinos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

É preciso recuar 42 anos para os australianos se recordarem de quando viram uma senhora e quatro homens compatriotas a discutirem títulos no seu Open. Contudo, no próximo sábado, 42 anos depois, a história vai repetir-se em Melbourne: Ashleigh Barty é a favorita na final de singulares e as duplas Nick Kyrgios/Thanasi Kokkinakis e Matt Ebden/Max Purcell vão decidir entre si o título de pares masculinos.

Barty dominou por completo a perigosa Madison Keys, por 6-1, 6-3, e sucede a Wendy Turnbull, a última australiana na final de singulares do Open australiano, em 1980, então derrotada por Hana Mandlikova. As escolhas acertadas na vasta selecção de pancadas e a eficácia do serviço permitiram à número um mundial controlar o encontro e reduzir a capacidade ofensiva de Keys (51.ª).

Barty fechou o primeiro set ao fim de 26 minutos, com o sétimo winner, quando a adversária já somava 14 erros não forçados. Confirmando as suas melhorias a nível mental, Keys reentrou melhor no segundo set e foi a primeira a obter um break-point, só que a história do encontro manteve-se: a norte-americana não concretizou a oportunidade e Barty “breakou” no jogo imediato, cedendo somente um ponto nos dois jogos de serviço seguintes. Mais: durante os 62 minutos, 50% dos seus serviços não foram devolvidos. “Sei que se, da minha parte, fizer as coisas certas, vou colocar a minha adversária desconfortável”, afirmou a autora de 20 winners, incluindo cinco ases.

Barty chega pela primeira vez à final do Open da Austrália com apenas 21 jogos cedidos nas seis rondas anteriores – o melhor registo em torneios do Grand Slam desde 2013 – e vai querer imitar Chris O'Neil, que, em 1978, se tornou na última australiana a conquistar o título individual.

“Sábado vai ser uma nova experiência para mim. Por isso, tenho que aceitar o momento, sorrir e tentar dar o meu melhor e o que acontecer, aconteceu”, afirmou Barty, vencedora das duas finais do Grand Slam que já disputou: Roland Garros (2019) e Wimbledon (2021).

Antes, no court, Barty fez questão de dedicar umas palavras ao compatriota Dylan Alcott, que terminou a carreira derrotado na final de ténis em cadeira de rodas (quad) e recentemente eleito Australiano do Ano. Alcott encerrou a carreira coroada com 15 títulos do Grand Slam e duas medalhas de ouro olímpicas, conquistadas depois de ter representado a Austrália em basquetebol em cadeira de rodas.

Com “cara de poucos amigos” esteve Danielle Collins, mas essa é a atitude competitiva habitual da norte-americana; como se estivesse numa missão, desde que pegou na raqueta aos 3 anos, passando pelo circuito universitário dos EUA e chegando agora, aos 28 anos, à sua primeira final do Grand Slam.

“Tem sido um percurso fantástico e não aconteceu de um dia para o outro. São muitos anos de trabalho árduo, muitas horas no court desde muito nova, todas aquelas manhãs em que eu e o meu pai nos levantávamos cedo e íamos treinar antes de ir para a escola. É incrível”, disse a norte-americana, após derrotar Iga Swiatek (9.ª), por 6-4, 6-1, a sua sétima vitória sobre uma top-10, que comemorou muito discretamente. “Estava tão focada na táctica e no plano que tinha desde o início, parecia que estava na ‘zone’. Mas tenho de ser realista e sei que não vou jogar assim todos os dias” adiantou Collins.

Muito agressiva, Collins penalizou o fraco segundo serviço de Swiatek e ao fim de 15 minutos já liderava por 4-0. A polaca lutou e até fez o break para 2-4, mas voltou a perder o serviço e, apesar de nova recuperação para 4-5, não conseguiu evitar a conclusão do set por Collins, com dois ases. No segundo set, a determinação e superioridade da norte-americana foram ainda mais gritantes: voltou a ganhar os primeiros quatro jogos, não enfrentou qualquer break-point e terminou o set com 13 winners, contra somente dois erros não forçados.

Collins já tem garantida a entrada inédita no top-10 e o estatuto de melhor tenista dos EUA. Frente a Barty, sabe o que esperar: a norte-americana só venceu o último de quatro duelos, em Fevereiro de 2021 e diante do público australiano.

O dia da Austrália, celebrado na quarta-feira, terá uma segunda versão em Melbourne Park no sábado, já que além de Barty, o título nos pares masculinos vai ficar em casa. Nick Kyrgios e Thanasi Kokkinakis receberam um wild-card e têm dado espectáculo ao longo da quinzena, deixando pelo caminho quatro duplas cabeças de série, incluindo a principal favorita. Os seus adversários, na primeira final da variante em 42 anos entre quatro tenistas australianos, vão ser Matt Ebden (55.º no ranking de pares) e Max Purcell (34.º).