Covid-19. Apenas 53% dos portugueses usam sempre máscara em espaços fechados

Estudo indica “redução generalizada na adesão a comportamentos de protecção, incluindo a higiene das mãos, o distanciamento físico e a utilização de máscara”.

Foto
DR

A maioria dos portugueses (83%) continua a utilizar máscara em espaços fechados, mas apenas 52,6% diz usá-la sempre, revela o Barómetro Covid-19: Opinião Social, segundo o qual somente 14% dos inquiridos reportou cumprir o distanciamento físico recomendado.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A maioria dos portugueses (83%) continua a utilizar máscara em espaços fechados, mas apenas 52,6% diz usá-la sempre, revela o Barómetro Covid-19: Opinião Social, segundo o qual somente 14% dos inquiridos reportou cumprir o distanciamento físico recomendado.

Segundo o estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), que analisou o período entre 30 de Outubro e 12 de Novembro, tem-se verificado “uma redução generalizada na adesão a comportamentos de protecção, incluindo a higiene das mãos, o distanciamento físico e a utilização de máscara”.

Em declarações à agência Lusa, a investigadora da ENSP e coordenadora do estudo, Ana Rita Goes, ressalvou que, apesar desta redução, “as pessoas continuam a aderir bastante a estes comportamentos de protecção”, mas não de uma forma tão sistemática.

Segundo a investigadora, esta mudança de comportamentos é consistente com a evolução epidemiológica, a cobertura vacinal que dá “uma sensação de protecção” e as medidas restritivas que foram alteradas.

“A questão agora é que estamos a observar um agravamento na situação portuguesa do ponto de vista epidemiológico e reconstruir rotinas que as pessoas já tinham muito internalizado pode não ser a coisa mais fácil deste mundo”, disse, considerando ser essencial ajustar a percepção de ameaça, mas também facilitar o regresso aos comportamentos que a população foi sistematizando.

No seu entender, “muito mais do que investir fortemente em obrigatoriedade de restrições, que naturalmente são mais difíceis de integrar pela população (...) é garantir que tudo aquilo que está à volta das pessoas facilita a adopção de comportamentos de protecção”.

“Precisamos novamente de colocar em marcha uma série de mecanismos nos ambientes que recordem as pessoas de uma forma mais sistemática, por um lado, termos sinais, termos os próprios recursos muito disponíveis, como o gel, a sinalética sobre a distância física, os lembretes para a utilização da máscara, mas também do ponto de vista social reforçarmos um bocadinho esta noção de esforço colectivo que deve ser valorizado”, defendeu.

Os dados reflectem uma redução gradual no cumprimento do distanciamento físico desde o início de Junho. Na última quinzena, cerca de 14% dos participantes reportaram cumprir sempre o distanciamento e 44% a maior parte das vezes. Os investigadores observam que o aumento da mobilidade e as alterações à lotação de espaços podem tornar mais difícil cumprir esta medida.

No caso do uso de máscara no exterior, verificou-se “uma redução substancial” a partir do início de Outubro, coerente com o fim da sua obrigatoriedade em Setembro, sendo que actualmente apenas 24% dos participantes afirma usá-la sempre, contrastando com os cerca de 40% anteriores.

Nos espaços fechados, embora a maioria reporte continuar a utilizá-la a maior parte das vezes ou sempre (83%), houve uma redução, sendo que na última quinzena apenas 52,6% disse usá-la sempre, contrastando com os cerca de 70% verificados até ao início de Setembro

“Este dado sugere que os comportamentos de protecção não são independentes uns dos outros. Cada um de nós foi introduzindo nas suas rotinas estes comportamentos e, com muito treino e pistas no ambiente, fomos sendo cada vez melhores a adoptá-los de forma sistemática”, referem.

Contudo, alertam, “quando aligeiramos um deles, corremos o risco de nos ir distraindo com os outros porque, de alguma forma, quebramos as rotinas que fomos instituindo e com elas os automatismos que desenvolvemos”.

“Isto não significa que precisamos necessariamente de imposições, mas que podemos precisar de construir novas rotinas, de novas pistas que nos recordem”, defendem.