E o vencedor é...

Há aqui um choque de soberanias, que desde sempre esteve inscrito na arquitectura constitucional europeia.

O país publicado tem andado entre o divertido e o perplexo com as peripécias que vêm envolvendo a aprovação do Orçamento para 2022. Surpreendentemente, a “geringonça” parece desengonçar-se com estrondo. E tão amigos que eles eram! Como ironizou há seis anos Paulo Portas, PS, Bloco e PCP seriam “the best friends forever”… abreviado: BFF. A “amizade”, diga-se de passagem, durou ainda assim mais tempo do que seria de supor. Mas, mais cedo ou mais tarde, as suas clamorosas contradições internas gerariam tensões insuperáveis. Reparem só: um Partido Socialista capitalista, advogado da economia de mercado, e outros dois partidos anticapitalistas, ainda por cima separados por ódios ideológicos que têm cem anos – trotskismo e leninismo. Para espanto de muita gente, incluindo o meu, esta caldeirada, posta ao lume para viabilizar a supremacia de António Costa a troco da concessão de um perfume de poder aos parceiros PCP e Bloco, borbulhou mais ou menos disciplinadamente durante uma legislatura. Na segunda legislatura, os “papéis” e respectivas assinaturas já foram dispensados, tal era a confiança na palavra das partes envolvidas. Mas toda a gente percebeu que a recusa de formalização escrita do entendimento a três era um sinal de desavença, não de solidariedade e consenso.

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O país publicado tem andado entre o divertido e o perplexo com as peripécias que vêm envolvendo a aprovação do Orçamento para 2022. Surpreendentemente, a “geringonça” parece desengonçar-se com estrondo. E tão amigos que eles eram! Como ironizou há seis anos Paulo Portas, PS, Bloco e PCP seriam “the best friends forever”… abreviado: BFF. A “amizade”, diga-se de passagem, durou ainda assim mais tempo do que seria de supor. Mas, mais cedo ou mais tarde, as suas clamorosas contradições internas gerariam tensões insuperáveis. Reparem só: um Partido Socialista capitalista, advogado da economia de mercado, e outros dois partidos anticapitalistas, ainda por cima separados por ódios ideológicos que têm cem anos – trotskismo e leninismo. Para espanto de muita gente, incluindo o meu, esta caldeirada, posta ao lume para viabilizar a supremacia de António Costa a troco da concessão de um perfume de poder aos parceiros PCP e Bloco, borbulhou mais ou menos disciplinadamente durante uma legislatura. Na segunda legislatura, os “papéis” e respectivas assinaturas já foram dispensados, tal era a confiança na palavra das partes envolvidas. Mas toda a gente percebeu que a recusa de formalização escrita do entendimento a três era um sinal de desavença, não de solidariedade e consenso.