A vacinação dos 12-15 foi “capturada” pela política?

Se a questão da vacinação dos 12-15 não é pacífica, porquê vacinar crianças saudáveis para quem a covid não apresenta qualquer risco?

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

António Lacerda Sales, o secretário de Estado adjunto da Saúde, parece um político empenhado e tem revelado bom senso nestes 16 meses em que tem estado na linha da frente do combate à covid-19. Esta semana, porém, repetiu duas vezes, a propósito da vacinação das crianças entre os 12 e os 15 anos, uma ideia estranha: “A política não deve interferir na ciência, deve respeitar a ciência, mas também não está capturada nem refém da ciência.” Para um político sóbrio, o uso das expressões “a política não está capturada” nem “refém” da ciência induz à conclusão de que o Governo vai acabar por tomar uma decisão política, e não estritamente científica, de vacinar crianças entre os 12 e 15 anos que não tenham qualquer risco. Aliás, o primeiro-ministro já tinha anunciado o objectivo na semana passada.

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António Lacerda Sales, o secretário de Estado adjunto da Saúde, parece um político empenhado e tem revelado bom senso nestes 16 meses em que tem estado na linha da frente do combate à covid-19. Esta semana, porém, repetiu duas vezes, a propósito da vacinação das crianças entre os 12 e os 15 anos, uma ideia estranha: “A política não deve interferir na ciência, deve respeitar a ciência, mas também não está capturada nem refém da ciência.” Para um político sóbrio, o uso das expressões “a política não está capturada” nem “refém” da ciência induz à conclusão de que o Governo vai acabar por tomar uma decisão política, e não estritamente científica, de vacinar crianças entre os 12 e 15 anos que não tenham qualquer risco. Aliás, o primeiro-ministro já tinha anunciado o objectivo na semana passada.