Portugal vai tentar que a Bélgica volte a perder a sua luta contra o tempo

Após sobreviver ao grupo mais difícil do Euro 2020, a selecção portuguesa disputa em Sevilha os oitavos-de-final contra uma equipa que continua sem traduzir o seu valor em conquistas nas grandes competições

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LUSA/Julio Munoz

Quatro dias depois de defrontar em Budapeste a França, campeã do mundo e segunda classificado do ranking mundial, Portugal vai discutir na noite deste domingo em Sevilha (20h, TVI) com a Bélgica, líder da classificação da FIFA, um dos oito lugares nos quartos-de-final do Euro 2020. Com menos 48 horas para recuperar e confrontados com um nível de exigência muito superior na fase de grupos do que os belgas, os actuais campeões europeus vão ter pela frente uma das selecções mais talentosas do futebol mundial, que, no entanto, continua sem comprovar o seu valor em grandes competições. Num jogo que se prevê aberto e ofensivo, Fernando Santos só deve fazer mudanças no “onze” se Danilo ou Nelson Semedo não estiverem em boas condições físicas.

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Quatro dias depois de defrontar em Budapeste a França, campeã do mundo e segunda classificado do ranking mundial, Portugal vai discutir na noite deste domingo em Sevilha (20h, TVI) com a Bélgica, líder da classificação da FIFA, um dos oito lugares nos quartos-de-final do Euro 2020. Com menos 48 horas para recuperar e confrontados com um nível de exigência muito superior na fase de grupos do que os belgas, os actuais campeões europeus vão ter pela frente uma das selecções mais talentosas do futebol mundial, que, no entanto, continua sem comprovar o seu valor em grandes competições. Num jogo que se prevê aberto e ofensivo, Fernando Santos só deve fazer mudanças no “onze” se Danilo ou Nelson Semedo não estiverem em boas condições físicas.

São duas das selecções com mais engenho do futebol mundial, e, no Olímpico de La Cartuja, vão entrar em campo sob pressão. No entanto, por motivos opostos. Se Portugal carrega sob os ombros a responsabilidade de ter na sua posse os dois títulos continentais atribuídos pela UEFA (Campeonato da Europa e Liga das Nações), não podendo, assim, assumir o cómodo discurso de que não é favorito, a Bélgica está numa luta contra o tempo.

Com uma geração sem paralelo na sua história, os belgas, desde o Mundial 2014, são sistematicamente apontados como uma das selecções com mais potencial no início de uma grande competição. Porém, têm falhado sempre nos momentos decisivos.

Influência de Pep Guardiola

Há seis anos, no Brasil, uma equipa comandada por Marc Wilmots chegou aos quartos-de-final 100% vitoriosa, mas caiu em Brasília contra a Argentina de Lionel Messi.

Dois anos depois, em França, ainda com Wilmots, a estreia no Euro 2016 até foi negativa (0-2 em Lyon contra a Itália), mas três vitórias consecutivas com oito golos marcados e nenhum sofrido, colocaram os belgas como o principal rival de Portugal no “lado bom” do quadro da prova. Todavia, novamente nos “quartos” e de forma surpreendente, a Bélgica foi totalmente dominada pelo País de Gales, ficando fora do caminho português.

O falhanço em França ditou a saída de Wilmots e, com a chegada do espanhol Roberto Martínez, a Bélgica manteve a sua vocação ofensiva e a apetência para um futebol vistoso, mas ganhou maturidade e um pouco mais de consistência táctica.

Após duas décadas a viver no Reino Unido, onde teve muito mais sucesso como treinador do que como médio defensivo, Martínez, influenciado pelo estilo de jogo de outro catalão (Pep Guardiola), tem sido consistente na aposta do 3x4x2x1, sistema através do qual procurou potenciar a abundância de centrais de qualidade, em contraponto com alguma escassez de opções para as laterais.

Defesa envelhecida

Foi assim, que, em 2018, a Bélgica foi a selecção que melhor futebol apresentou no Mundial da Rússia, mas após cinco vitórias consecutivas - 14-4 em golos e eliminação do Brasil nos “quartos” -, Didier Deschamps “amarrou” os “diabos vermelhos”. Tal como fez no Puskas Arena contra Portugal, a França deixou os belgas controlaram o jogo, mas num duelo franco-belga com intensidade e muitos passes, mas poucas oportunidades, um golo de cabeça de Umtiti colocou novo travão à geração dourada belga.

Três anos depois, a Bélgica está neste Europeu a jogar contra o relógio. Com uma defesa envelhecida (Alderweireld, Vermaelen e Vertonghen somam juntos 101 anos), e quase todas as suas figuras na casa dos 30 (Meunier, Witsel, de Bruyne, Hazard e Mertens), os “diabos vermelhos” têm neste Euro 2020 e no Mundial do próximo ano no Qatar, as últimas oportunidades para esta geração.

O estigma de falharem nos jogos “a doer” será, certamente, um dos factores que Fernando Santos procurará explorar em Sevilha, mas, neste sábado, na antevisão, o técnico português deixou mais algumas indicações sobre o que pode ser o seu plano de jogo para hoje.

Frente a uma equipa belga que viverá muito da arte dos jogadores da frente, principalmente de Kevin de Bruyne, Santos sublinhou a importância de “não dar espaços”, reforçando o peso do valor do rigor defensivo, algo que já tinha feito antes do jogo com a França: “A equipa que defender melhor, souber gerir melhor a bola e criar oportunidades ganhará o jogo.”