O difícil equilíbrio de construir uma cidade do futuro

Ciclo de “Conversas Urbanas” lança o debate sobre planeamento, transição digital, mobilidade, biodiversidade, inteligência artificial

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A cidade do futuro vai ser de fácil mobilidade, ecológica, sustentável, baseada em inteligência artificial, com a combinação ideal entre espaços dedicados ao trabalho e para o lazer. Amiga das pessoas, portanto. Mas vai mesmo? As discussões e os primeiros passos têm vindo a acontecer um pouco por todo o mundo porém, a Humanidade está sempre a reinventar-se e as incógnitas acabam por sempre muitas.

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A cidade do futuro vai ser de fácil mobilidade, ecológica, sustentável, baseada em inteligência artificial, com a combinação ideal entre espaços dedicados ao trabalho e para o lazer. Amiga das pessoas, portanto. Mas vai mesmo? As discussões e os primeiros passos têm vindo a acontecer um pouco por todo o mundo porém, a Humanidade está sempre a reinventar-se e as incógnitas acabam por sempre muitas.

O PÚBLICO desafiou três especialistas na área do estudo e planeamento de soluções para as cidades do futuro a discutir a cidade que queremos, quais os desafios ambientais a enfrentar, que mobilidade serve melhor os interesses dos cidadãos. O ponto de encontro foi o primeiro debate do ciclo “Conversas Urbanas”, no qual se falará sobre planeamento, transição digital, mobilidade, arte urbana, biodiversidade, inteligência artificial…

O ciclo arrancou com um desafio transversal aos convidados: o que são cidades de (e com) futuro? Sentaram-se à mesa virtual Alexandra Gomes, investigadora na London School of Economics (LSE) e coordenadora de análise sócio-espacial em vários projetos na LSE Cities (centro internacional de investigação da complexidade urbana), António Alves, director do Fikalab da Critical Software e líder do projecto “The Things Network” e António Miguel Castro, presidente da Gaiurb (empresa municipal responsável pelo Urbanismo, Habitação Social e Reabilitação Urbana de Vila Nova de Gaia).

O potencial ecológico

Alexandra Gomes defende um modelo de cidade em que “os cidadãos tenham mais infra-estruturas de proximidade, como os transportes públicos”, e na qual haja uma maior preocupação ambiental – “a cidade tem todo o potencial para se tornar, por excelência, num espaço mais ecológico, com uma economia circular de aproveitamento dos recursos”.

Já António Alves acredita que as malhas urbanas terão de ser tecnológicas. E dá o exemplo de Coimbra: “Pretendemos ajudar a cidade a aprender a potenciar o bem-estar dos cidadãos”. Como? Há uma rede de recolha electrónica de dados sobre a qualidade do ar ou de ruído, que depois de tratados permitem aos decisores locais aplicar medidas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

No caso de Gaia, onde se discute o Plano Director Municipal (PDM), António Miguel Castro diz estar consciente da complexidade do processo, mas acredita que a participação de todos os agentes locais conduzirá a uma boa solução. “Pretendemos humanizar a cidade, utilizar as dinâmicas tecnológicas e urbanísticas e tornar os espaços de mais fácil fruição”, explicou.

Como gostariam de ver as respectivas cidades no futuro? Alexandra Gomes vive em Londres e defende uma cidade mais “igualitária”, já que muitas pessoas percorrem longas distâncias para trabalhar e pagam caro pelos transportes. Para Coimbra, António Alves propõe mais segurança na informação recolhida pelos dispositivos tecnológicos na promoção do bem-estar, enquanto para Gaia, António Miguel Castro fala em “habitação com rendas acessíveis, emprego e capacitação das pessoas”.

O próximo debate, de uma série de dez, decorre na próxima segunda-feira, pelas 14h00 no Ao Vivo e terá como tema a “Mobilidade do futuro: dos veículos autónomos à mobilidade activa”.

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