Altice admite estar a avaliar despedimentos

Empresa aceitou cerca de 1100 das 1700 candidaturas a saídas voluntárias, mas diz que está a avaliar “medidas adicionais”, incluindo “medidas de carácter unilateral”.

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daniel rocha

Depois de um plano de saídas voluntárias que produziu efeitos neste mês de Maio, a dona da Meo não fecha a porta a uma nova vaga de redução de pessoal, desta vez recorrendo a despedimentos.

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Depois de um plano de saídas voluntárias que produziu efeitos neste mês de Maio, a dona da Meo não fecha a porta a uma nova vaga de redução de pessoal, desta vez recorrendo a despedimentos.

Mesmo reconhecendo que, “por razões de gestão”, só conseguiu aceitar a saída de “perto de 1100” trabalhadores, dos “cerca de 1700”, que se candidataram à segunda fase do Programa Pessoa, a Altice Portugal entende que o tempo é de “tremenda pressão” para o negócio e que podem vir a ser necessárias “medidas adicionais de reorganização”, inclusive, “medidas de carácter unilateral”.

Numa nota interna a que o PÚBLICO teve acesso, o presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, voltou a traçar aos trabalhadores da empresa um cenário negro, atirando mais uma vez as culpas de todos os males para o regulador do sector, a Anacom, para a Autoridade da Concorrência, e para “a própria tutela”, ou seja, o Governo, que colocam o sector das telecomunicações num “caminho cada vez mais estreito e instável, que obriga a medidas ainda mais exigentes”.

A empresa diz estar a “focada na análise dos resultados obtidos nas primeiras etapas do plano integrado de reorganização” que havia anunciado em Março, prometendo chegar, “nas próximas semanas”, a “conclusões sobre as medidas adicionais a tomar quanto ao investimento e ao mercado”.

Nesta reflexão, “a componente de recursos humanos é fundamental” e continuará a ser uma “área de análise”: “Estamos a avaliar todos os cenários possíveis, onde se incluem medidas adicionais de reorganização, que podem passar por medidas de carácter unilateral”, adianta Alexandre Fonseca.

Em Março, o administrador da Altice com o pelouro dos recursos humanos, João Zúquete, queixava-se que a Altice Portugal, com os seus oito mil trabalhadores directos, tinha “o dobro” dos trabalhadores dos seus “concorrentes somados”.

“A estratégia do futuro e as decisões a tomar têm de ser integradas e lidas à luz do contexto que presenciamos e do futuro que antevemos, sendo que todas as opções estão em aberto, de forma a que possamos dar resposta a este momento complexo, que não criámos e que tem responsáveis claros que identificámos em tempo”, escreve Alexandre Fonseca aos trabalhadores, no dia em que o Expresso noticia que a Altice está à procura de comprador para a empresa portuguesa.

Também o Eco dá como certo que a operadora de telecomunicações contratou o banco de investimento Lazard para avaliar a venda da Altice Portugal (a antiga Portugal Telecom).

Como exemplo dos obstáculos introduzidos no caminho da empresa, Alexandre Fonseca aponta a transposição do Código Europeu das Comunicações, que vem alterar a Lei das Comunicações Electrónicas, a tarifa social da Internet, que tem de ser suportada pelas empresas, “ou a temática das fidelizações”.

Com “votos de saúde e um abraço”, Alexandre Fonseca termina dizendo que “o caminho para uma empresa mais sustentável, mais fiável e também mais motivada e ágil tem de continuar”. O futuro de Portugal, diz o gestor, passa “pela Altice Portugal como grupo” e pela sua visão que contribui para “o desenvolvimento equitativo do país”.