Costa afirma que Governo ultrapassou “alergia” de Bruxelas a novas estradas

Primeiro-ministro defendeu que o investimento de 500 milhões de euros em múltiplas pequenas obras rodoviárias um pouco por todo o país “terá um impacto profundo económico”.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O primeiro-ministro afirmou nesta segunda-feira que o Governo ultrapassou “a alergia” de Bruxelas face a investimentos em novas rodovias no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), apresentando um conjunto de “pequenas grandes obras” com elevado potencial económico.

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O primeiro-ministro afirmou nesta segunda-feira que o Governo ultrapassou “a alergia” de Bruxelas face a investimentos em novas rodovias no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), apresentando um conjunto de “pequenas grandes obras” com elevado potencial económico.

António Costa assumiu esta posição no final da sessão de apresentação do programa de investimentos em infra-estruturas no âmbito do PRR, que decorreu na sede das Infra-Estruturas de Portugal, no Pragal, no concelho de Almada.

Na sua intervenção, depois de discursos do presidente da Infra-Estruturas de Portugal, António Laranjo, e do ministro das Infra-Estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, o líder do executivo deixou um elogio especial ao seu ministro do Planeamento, Nelson de Souza.

António Costa defendeu que o investimento de 500 milhões de euros em múltiplas pequenas obras rodoviárias um pouco por todo o país “terá um impacto profundo económico, porque dinamizará pequenas e médias empresas e gerará emprego disseminado” no território nacional.

“Foi uma negociação difícil, e queria felicitar particularmente o ministro do Planeamento, depois de largos anos de experiência nestas negociações com Bruxelas, onde se desenvolveu uma alergia em relação às estradas e a ideia de que este país tem estradas a mais. Mas a verdade é que o país tem de optimizar a sua rede viária, dotar o território de boas ligações transfronteiriças e conferir às áreas de localização empresarial condições de competitividade”, sustentou o primeiro-ministro.

No seu discurso, António Costa procurou relacionar também estas obras rodoviárias com o objectivo estratégico de redução das emissões de gases com efeito de estufa “ao encurtarem-se distâncias e ao desviar-se o trânsito do centro de centros urbanos como nos casos das variantes de Olhão ou Évora”.

“A única grande via é de Beja a Sines, todas as outras intervenções são de poucos quilómetros, mas são pequenas grandes obras que transformam radicalmente um território”, advogou, antes de salientar o impacto que essas obras terão no território, sobretudo ao nível da competitividade das pequenas e médias empresas.

“Se tivéssemos pegado nestes 500 milhões de euros e feito uma grande obra, teríamos seguramente gerado actividade económica, mas não teria esta profundidade de chegar a quase todo o território nacional”, alegou.

Em defesa desta estratégia por parte do seu executivo, António Costa considerou que “não é pelo facto de agora se estar a falar de 500 milhões de euros, num total de 14 mil milhões de euros [do PRR], que estas obras são menos importantes do que outras que a Infra-Estruturas de Portugal fez no passado”.

“Estas são obras mesmo decisivas para melhorar a competitividade e a coesão territorial do país, para que existam áreas de localização empresarial mais competitivas e melhores acessos transfronteiriços, ao mesmo tempo em que se desvia dos centros urbanos grande parte do tráfego que continua a prejudicar a qualidade de vida” dos cidadãos, argumentou.

Entre os vários projectos, António Costa destacou as cinco novas ligações transfronteiriças — ponto em que retomou a sua tese sobre a “centralidade” do interior do território nacional face ao mercado ibérico, que tem 60 milhões de consumidores.

“A fronteira com Espanha tem de deixar de ser vista uma muralha”, acrescentou.