Cartas ao director

Enquanto o Ocidente tem vacinas

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Enquanto o Ocidente tem vacinas

As vacinas contra a covid-19 chegam tarde por culpa das farmacêuticas e estas não são punidas pela gravidade dessas falhas que conduzem, certamente, a situações irreversíveis... O programa de vacinação já não será cumprido. As produtoras privadas receberam milhares de milhões de euros de dinheiro público e não cumprem os contratos, que foram elaborados numa base leonina. A culpa também reside nos açambarcamentos feitos por países ricos, além das vendas paralelas, e quem paga mais tem vacinas em excesso. Enquanto em África, revela a imprensa, há países que não têm vacinas. Esta gente acha que se não houver vacinação em massa à escala mundial, as populações vão ficar imunizadas? Até um leigo diz que não.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

A água do nosso descontentamento
Somos um país que nos últimos anos tem proporcionado aos seus cidadãos um conjunto de benefícios sociais importantíssimos, como o SNS e a Educação, mas também tem proporcionado regulação e controlo num conjunto de situações, como o acesso a bens essenciais a toda a população. Temos assim um preço regulado ou controlado para a electricidade, para o pão, para serviços mínimos bancários… mas não para a água, talvez o bem mais essencial de todos. Observa-se em Portugal discrepâncias no preço de acesso à água, absolutamente inaceitáveis. Penaliza-se as famílias numerosas por ultrapassarem escalões de consumo e indexa-se taxas e impostos que fazem aumentar a injustiça.
A falta de equidade nos tarifários de abastecimento de água em Portugal obriga a que a maioria das famílias portuguesas pague mais por cada litro de água à medida que vai tendo filhos, para além das diferenças abissais nos tarifários. A título de exemplo desta injustiça, no distrito do Porto, observa-se que uma família de três elementos pagará por ano em Felgueiras pouco mais de 100€ de água e na Trofa ou em Vila do Conde quase 300€.
As populações mais afectadas pelas tarifas mais desajustadas começam a manifestar-se, as autarquias, muitas delas nas mãos de empresas privadas, começam a fazer contas para reverterem concessões. Sabendo que cabe às autarquias a gestão da água, seria fundamental para a nossa democracia uma harmonização no acesso a este bem essencial. O custo das redes ou infra-estruturas, tal como na electricidade ou na educação, não pode ser utilizado linearmente para o cálculo do preço da água, na diversidade do território nacional. Caberá assim ao governo, regular, criar equidade e defender o acesso em termos semelhantes a este bem essencial.

Telmo Ramos

Ex-Presidente continua a querer ser falado

Curiosamente o ex-Presidente da República, que tem sido o mais esquecido pela grande maioria dos portugueses, que por norma quando reaparece é para criar crispação, agora, pela terceira aparição quase consecutiva, faz-se notícia por doar documentação “oficial”, ou “oficiosa” ou como possa ser assumida, à Presidência da República. Serão documentos do seu tempo como primeiro-ministro. Lembrando, ou fazendo lembrar, que foi apesar de o negar, alguém, inteiramente político. E, ao ter que estar sempre a ser falado, será por ter falta dessa visibilidade? O tempo do seu tempo, já foi tempo.
Augusto Küttner de Magalhães, Porto

A desonestidade intelectual de Cavaco 

Cavaco num “sermão” para sociais-democratas ouvirem, veio criticar o governo, porque a determinada altura fomos os piores no combate à pandemia. Até aí tem alguma razão, mas antes tínhamos sido os melhores e se não fosse um presidente de facção tê-lo-ia felicitado. Agora voltamos a ser os melhores e está calado Portanto, para bem do PSD será bom que se cale, porque a sua credibilidade, para as pessoas que ora votam duma maneira ora votam doutra, é zero.

Quintino Silva, Paredes de Coura

Processo obscuro

O dinheiro público não é dos governos, mas sim dos cidadãos, e deveria ser aplicado de forma criteriosa e transparente. Temos a ideia de viver num Portugal onde as leis são feitas ao sabor de negociatas nos bastidores da politica, onde se pretende que as mesmas passem ocultas aos olhos dos cidadãos, mas onde uma comunicação social atenta procura desmontar os esquemas montados, que mostram a criatividade de grandes entidades para fugir ao pagamento de impostos, como mostra a polémica que envolve a venda das barragens da EDP, o que é só mais um caso.

É natural que a existir fuga aos impostos neste processo, os intervenientes no mesmo procurem defender-se com argumentos baseados numa legislação de interpretação duvidosa, onde mais uma vez o dinheiro que deveria ser canalizado para o enriquecimento do país, acaba a ser desviado por esquemas obscuros, em que aqueles que perdem somos nós e onde a corrupção contribui para adiar o sucesso de Portugal.

Américo Lourenço, Sines