Apoiantes de Mesquita Nunes não excluem convocar congresso do CDS após conselho nacional

Dúvidas sobre direito de voto agitam o conselho nacional que vai apreciar moção de confiança avançada pelo actual líder, Francisco Rodrigues dos Santos.

Foto
Adolfo Mesquita Nunes contesta a votação nominal da moção de confiança Daniel Rocha

Os apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes não excluem vir a tentar convocar um congresso extraordinário mesmo depois da aprovação de uma moção de confiança à direcção do CDS no conselho nacional de sábado. É que há oito distritais que não têm delegados eleitos, o que, segundo os defensores da antecipação do congresso, pode colocar em causa a representatividade do conselho nacional, que vai decorrer através de plataforma digital. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes não excluem vir a tentar convocar um congresso extraordinário mesmo depois da aprovação de uma moção de confiança à direcção do CDS no conselho nacional de sábado. É que há oito distritais que não têm delegados eleitos, o que, segundo os defensores da antecipação do congresso, pode colocar em causa a representatividade do conselho nacional, que vai decorrer através de plataforma digital. 

A inexistência de delegados distritais eleitos em oito estruturas – o que resulta da interrupção de eleições internas por causa da pandemia - é apenas um dos factores que podem influenciar a votação. Há outras dúvidas como a de saber se os membros da comissão política nacional, que na sua maioria têm estado ao lado de Francisco Rodrigues dos Santos, têm direito de voto. Os apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes defendem que pode haver um conflito de interesses, na medida em que estarão a votar uma moção de confiança em causa própria. Em sentido contrário, há outros que argumentam que os estatutos conferem direito de participação dos lugares por inerência, que é o caso dos membros da comissão política nacional. 

O presidente do conselho nacional, Filipe Anacoreta Correia, disse ao PÚBLICO que só no sábado informará os conselheiros nacionais sobre a sua decisão em torno do direito de voto. O mesmo acontece com a forma da votação. Adolfo Mesquita Nunes contesta a votação nominal - chamando cada membro um a um -, por considerar que refreia a margem de liberdade dos conselheiros nacionais e propõe outros métodos. O presidente do conselho nacional também tomará uma decisão sobre a matéria, tendo pedido à secretaria-geral a disponibilização de todas as soluções técnicas possíveis. 

Apesar dos formalismos, figuras próximas de Adolfo Mesquita Nunes (entre os quais João Gonçalves Pereira e Pedro Mota Soares) têm feito contactos junto das estruturas para conquistar apoios. 

Com o elevado número de inerências e a ausência de delegados com mandato válido em oito distritais, entre as quais está Braga (liderada por Nuno Melo) Bragança e as das regiões autónomas, os apoiantes do challenger consideram que o conselho nacional se tornou um órgão exíguo para ouvir o partido sobre a crise interna e querem dar a palavra aos militantes

Adolfo Mesquita Nunes tentou colocar a convocação de um congresso extraordinário na ordem de trabalhos do próximo conselho nacional, mas Anacoreta Correia defendeu que, à luz dos estatutos, isso só é permitido com o recurso a uma moção de censura.

Mesmo que a moção de confiança à actual direcção seja aprovada, os mais próximos de Mesquita Nunes deixam tudo em aberto sobre a possibilidade de reunir as quatro mil assinaturas para convocar um congresso extraordinário. Dependerá da margem do resultado da votação.