A Libertadores também é de Abel Ferreira

Numa final 100% brasileira, o Palmeiras venceu com um golo na compensação. Depois de Jesus, há mais um português no topo do futebol sul-americano.

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Nada se passou durante 90 minutos de futebol no mais mítico dos estádios do mundo, o Maracanã. Era um 0-0 que merecia números negativos, de tão pouco que aconteceu nesta final 100% brasileira (e paulista) entre Palmeiras e Santos na maior competição de clubes da América do Sul, a Taça dos Libertadores da América. E, num ápice, tudo mudou. Depois da expulsão de Cuca, treinador do Santos, no tempo de compensação, Breno desfez o nulo com um cabeceamento perfeito que ditou o 1-0 final e a conquista da Libertadores para o Palmeiras pela segunda vez. Tal como foi a segunda vez (e em anos consecutivos) que um treinador português ficou com o troféu de campeão da América do Sul. Depois do Flamengo de Jorge Jesus, em 2020, foi o Palmeiras de Abel Ferreira, em 2021.

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Nada se passou durante 90 minutos de futebol no mais mítico dos estádios do mundo, o Maracanã. Era um 0-0 que merecia números negativos, de tão pouco que aconteceu nesta final 100% brasileira (e paulista) entre Palmeiras e Santos na maior competição de clubes da América do Sul, a Taça dos Libertadores da América. E, num ápice, tudo mudou. Depois da expulsão de Cuca, treinador do Santos, no tempo de compensação, Breno desfez o nulo com um cabeceamento perfeito que ditou o 1-0 final e a conquista da Libertadores para o Palmeiras pela segunda vez. Tal como foi a segunda vez (e em anos consecutivos) que um treinador português ficou com o troféu de campeão da América do Sul. Depois do Flamengo de Jorge Jesus, em 2020, foi o Palmeiras de Abel Ferreira, em 2021.

Não há muito para dizer sobre o jogo em si, uma final pobre, com poucos remates e poucas oportunidades de golo. Nada se passou na primeira parte - de assinalar apenas um cartão amarelo para o central Lucas Veríssimo, futuro jogador do Benfica - e a segunda não foi muito melhor. Algo semelhante a uma oportunidade apenas aos 59’, num cabeceamento de Veríssimo ao lado após uma bola bombeada de Marinho para a pequena área. 

Veiga foi o intérprete da resposta do Palmeiras aos 64’, após um livre directo que saiu por cima, com o guardião John Victor a controlar. Uma dupla meia oportunidade do Santos aos 77’, em que houve o primeiro remate de todo o jogo na direcção de uma das balizas e chega ao fim a descrição dos melhores momentos durante os 90 minutos.

Mas o mais interessante do jogo aconteceu no tempo de compensação - a placa indicava mais oito minutos, jogaram-se mais 15. Já no sétimo minuto de compensação, a bola saiu pela linha lateral na área técnica do “peixe” e foi ter com Cuca, o treinador do Santos. Marcos Rocha, lateral-direito do Palmeiras, foi lá busca-la junto às pernas de Cuca e provocou a queda do técnico. Depois, gerou-se uma enorme confusão e acabou com a expulsão do treinador, que, com rapidez e agilidade, foi para a bancada, lugar de onde esperava ver o prolongamento. Só que… não.

Sanada a confusão, a bola voltou ao relvado e, poucos segundos depois, já estava na baliza do Santos. Rony teve espaço para um cruzamento largo e Breno, que tinha entrado durante a segunda parte, saltou bem mais alto que o seu marcador, Pará, e cabeceou a bola para o fundo da baliza, aos 99’, lançando o “Verdão” numa enorme festa paulista (muitos adeptos sem máscara e sem qualquer distanciamento social) nas bancadas do carioca Maracanã. 

Ainda se jogou até aos 105’ (compensação da compensação), mas nada mudou para alterar o destino do Palmeiras e de Abel, o português de Penafiel que conquistou a Libertadores para os paulistas 22 anos depois de “Felipão” Scolari o ter feito.

Esta Libertadores é o primeiro título conquistado por Abel Ferreira enquanto treinador de equipas seniores. Ainda enquanto técnico dos juniores do Sporting, no início de carreira, chegou a ser campeão nacional (em 2011), e, oito anos depois, o antigo técnico do Sp. Braga está no topo do futebol sul-americano, ganhando, pelo caminho, o direito a competir no próximo Mundial de clubes, onde o espera um confronto (se ambos lá chegarem) com o Bayern Munique, na final. Será uma segunda hipótese de um treinador português ser campeão mundial, depois da derrota do Flamengo de Jesus com o Liverpool.

Aos 42 anos, Abel Ferreira é mais um treinador português a entrar na alta-roda do futebol internacional, e logo pela maior porta possível. Contratado no início de Novembro passado para substituir Vanderlei Luxemburgo, o antigo lateral-direito tinha começado a época nos gregos do PAOK e foi uma aposta inesperada para salvar o que restava da época da equipa paulista. Fez bem mais do que se esperava (14 vitórias, três empates e cinco derrotas em 22 jogos), já conquistou o troféu mais apetecível e ainda está na luta pelo título brasileiro (embora seja difícil), pela Taça do Brasil (está na final) e, claro, pelo Mundial de clubes.

Quanto a Breno, foi o herói inesperado do Palmeiras, um jogador com pouco cartel no futebol brasileiro, contratado em Novembro ao Juventude, da II divisão, e que, antes desta Libertadores, só tinha um golo marcado pelo “Verdão”. “É um dia inesquecível na minha vida. Estou muito feliz. Havia muita desconfiança no meu nome e hoje estou a provar que mereço estar aqui”, declarou.