Impiedoso com o drama alheio, Sp. Braga elimina Benfica

Nesta quarta-feira, a defesa do Benfica, pouco rotinada - quer no sistema, quer no entrosamento entre os jogadores -, comprometeu.

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O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Foi sob esta premissa popular que o Benfica caiu nesta quarta-feira na final a quatro da Taça da Liga.

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O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Foi sob esta premissa popular que o Benfica caiu nesta quarta-feira na final a quatro da Taça da Liga.

Para o Benfica, a meia-final começou mal – “infectada” pela entrada em força do novo coronavírus no plantel – e acabou pior. Perdendo por 2-1 frente ao Sp. Braga, os “encarnados” caíram aos pés de uma equipa impiedosa com o drama e com os problemas alheios – quer a nível de covid-19, quer a nível de confusão táctica no Benfica, que tão bem os minhotos exploraram.

A final da Taça da Liga, no próximo sábado, colocará os minhotos frente-a-frente com o Sporting.

Mudança táctica

Jorge Jesus costuma dizer que, apesar de já o ter usado no início da carreira, evita utilizar o sistema de três centrais, por considerar que é o mais difícil de trabalhar. Ainda assim, deu uma oportunidade a esta via táctica: pela primeira vez na época, o Benfica iniciou o jogo num misto entre 3x4x3 e 3x5x2. Pelo visto neste jogo, talvez não volte a fazê-lo.

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Apesar de pouco rotinado, quer no sistema quer no “onze” escolhido, o Benfica até entrou melhor na partida. Mais agressivo nos duelos e, sobretudo, a conseguir ter Pizzi e Taarabt de frente para o jogo, como mais gostam. Sem ser sufocante, o Benfica conseguiu um cabeceamento de Darwin aos 21’ e um remate de Pizzi aos 25’.

A equipa minhota só atacava a espaços e sempre pela mesma via: procura da profundidade, tentando colocar a nu a falta de rotina de uma linha defensiva nova em todos os domínios.

O Sp. Braga, sagaz nessa análise, fê-lo aos 21’, com Weigl a impedir Ruiz de se isolar, e aos 23’, com uma jogada do lado direito a acabar com novo remate de Ruiz, novamente salvo pela defesa “encarnada”.

Aos 28’, os minhotos procuraram uma derivação desta via. Num canto curto, convidaram a defesa adversária a subir, antes de colocarem a bola nas costas. Foi Ricardo Horta o criador e Ruiz o finalizador. Com sucesso, fazendo o 1-0.

Os minhotos, que, entretanto, já tinham equilibrado o jogo de pares no meio-campo (decisivo para neutralizar o bom início do Benfica), gostaram, naturalmente, desta “receita”, e uma jogada em tudo idêntica, aos 39’, deixou Fransérgio na cara do golo. Cabeceou para fora.

Em ambas as ocasiões a linha defensiva do Benfica, pouco rotinada, deixou-se “enganar” na luta do fora-de-jogo. E isto viria a ser repetido mais tarde por um Sp. Braga impiedoso com a confusão na defesa adversária.

Em matéria ofensiva, o Benfica acabou bem a primeira parte. Avisou aos 42’ – Darwin rematou ao poste –, 43’ – Seferovic cabeceou fraco – e 44’ – Darwin sofreu penálti. E Pizzi converteu, levando tudo empatado para o intervalo.

Todibo comprometeu

Logo após o intervalo, Darwin criou no corredor esquerdo e permitiu a Pizzi rematar para defesa de Matheus. Algo que não mais se viu.

Tendo Todibo na primeira fase de construção, o Benfica ganhou e perdeu: inicialmente até pareceu ganhar capacidade de colocar mais rapidamente a bola em zonas de criação, mas perdeu no risco que o francês corre em cada posse de bola e que expôs, naturalmente, a equipa “encarnada”.

E talvez Jorge Jesus contasse com isso quando optou pelo sistema de três centrais – que protege mais a equipa dos “desvarios” técnicos de Todibo. Mas se o Benfica sobreviveu aos passes falhados do central não poderia sobreviver ao mau posicionamento defensivo.

Depois dos dois lances de descoordenação defensiva na primeira parte, o Benfica, novamente numa bola aérea nas costas, somou mais outro, aos 59’. Todibo foi, dessa vez, o autor do pecado e Tormena, sozinho, cabeceou para o 2-1, um minuto depois de Fransérgio já ter tido espaço para cabecear à trave. Todibo sairia pouco depois.

Com as entradas de Pedrinho e Everton, o Benfica voltou a tomar conta do jogo. Os brasileiros deram mais soluções e, sobretudo, obrigaram o Sp. Braga a baixar linhas. Tal permitiu que o Benfica controlasse a partida, mas nem por isso ajudou os “encarnados” a serem mais fortes e perigosos. Não foram, até pelo evidente desgaste nos últimos minutos.

Nesta quarta-feira, a defesa do Benfica, pouco rotinada quer no sistema quer no entrosamento entre os jogadores, comprometeu. Resta saber se são dores de crescimento de um sistema táctico a repetir mais tarde ou se são dores de um sistema… a não repetir. Ri-se um Sp. Braga sagaz e impiedoso.