Cartas ao director

Acordo ortográfico

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Acordo ortográfico

O PÚBLICO brinda-nos, hebdomadariamente, com um texto em que, a propósito ou a despropósito, o Acordo Ortográfico (embora sempre grafado com letra minúscula, como a Pide fazia ao “partido comunista”) vem sempre à baila. Nessa peça - dá ares de tratar-se basicamente do mesmo artigo, recriado onanisticamente, para gozo solitário do autor - são insultados, menorizados ou achincalhados os seguidores da norma gráfica que hoje é ensinada em todas as escolas, que é praticada na maioria dos outros meios de comunicação social. Uma dúvida sempre me assaltou: a redacção do jornal, assim cada vez mais transformada numa insólita “aldeia de Asterix”, vive bem com esta singularidade? Tenho essa imensa curiosidade.

Francisco Seixas da Costa, embaixador

Pandemia 2

Após o anúncio do desconfinamento, em Portugal, tem vindo a surgir novos surtos de covid um pouco por todo o país, embora a incidência se concentre em Lisboa. O mesmo fenómeno com maior ou menor expressão, em todos os países de União Europeia, que se encontram na fase de desconfinamento. Independentemente dos números, a redução das restrições contínua em curso, incluindo a antecipação de algumas medidas, como a abertura das fronteiras.

Os danos económicos provocados pela pandemia já se fazem sentir, com o aumento exponencial do número de desempregados, de insolvências e do défice público. Deste modo, as economias europeias não dispõem de condições financeiras para voltar a confinar, o que significa que não voltaremos à quarentena. Assim sendo, os políticos deviam explicar à população que temos de enfrentar o covid-19 e que a situação de quarentena, não é mais possível, a não ser em casos muitos específicos.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

Covid-19, Verdade e Humildade

Não pertenço ao partido do Governo. Mas isso não me impede de reconhecer que as autoridades da saúde têm feito o melhor que podem, não se poupando a esforços e à vontade a de acertar. Eu não me queria ver na sua pele. Se outros estivessem em seu lugar, fariam melhor?

Nem o país nem as estruturas de saúde estavam preparadas para este tsunami viral e, sejamos honestos, não podemos estranhar que, nestas circunstâncias, possa haver falhas aqui e acolá. O contrário é que seria estranho. Por isso achei destemperadas e intempestivas as declarações do presidente da Câmara de Lisboa, a tal respeito e que, mesmo sem querer, nos insinuam: que desígnio terão latente?

No entanto não acho criteriosa nem prudente a afirmação da ministra da Saúde de que “não há nenhum caso de infecção associada a transportes públicos”. Sabendo-se que uma das causas mais propiciadoras da infecção são os ajuntamentos, e constatando que em muitos transportes públicos as pessoas vão ao molho, é praticamente impossível que daí não resultem infecções, mesmo que não se conheçam.

Tenho relutância em fazer, a propósito dos transportes, a leitura que alguns fizeram a propósito das máscaras: são ineficazes porque não as têm. Há problemas que não se resolvem a curto prazo. É a vida. Custa tanto a reconhecê-lo?

Flávio Vara

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