Preços da habitação cresceram 10% antes da pandemia

Só em Março, o número de transacções diminuiu abruptamente, em 14,1%. Mas a queda nos preços foi mais residual, de 3,3%

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daniel rocha

Nos primeiros três meses do ano a escalada dos preços da habitação manteve-se, registando uma taxa de crescimento homóloga de 10,3%, acaba de divulgar o Instituto Nacional de Estatística.

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Nos primeiros três meses do ano a escalada dos preços da habitação manteve-se, registando uma taxa de crescimento homóloga de 10,3%, acaba de divulgar o Instituto Nacional de Estatística.

O Índice de Preços da Habitação (IPHab) cresceu em termos homólogos, mas também em comparação com o trimestre anterior, registando uma subida de 4,9% (0,7% no quarto trimestre de 2019). De acordo com o INE, “o aumento dos preços foi observado em ambas as categorias de habitações, tendo sido mais expressivo no caso das novas (6%) por comparação com as existentes (4,7%)”.

Apesar de no ano de 2019 se ter registado algum abrandamento nas subidas, a verdade é que este índice foi sempre avançando em terreno positivo. Só no próximo boletim será possível perceber o impacto que teve a pandemia da covid no preço das casas e no volume de transacções. 

Pode dizer-se que o mês de Fevereiro foi o último mês pré-covid, uma vez que no início de Março se registaram os primeiro casos em Portugal, e, a 18 de Março, foi mesmo declarado o estado de emergência que obrigou ao confinamento geral. Os primeiros dados apurados pelo INE demonstram que nos primeiros três meses de 2020 se venderam menos casas, mas em termos de valor houve um crescimento.

De acordo com o INE, entre Janeiro e Março de 2020 foram transaccionados 43.532 alojamentos, no valor de 6,8 mil milhões de euros. Estes números correspondem a taxas de variação homóloga de menos 0,7% e mais 10,4%, respectivamente. 

Se durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2020 se observaram aumentos homólogos do número de transacções (9,4% e 3,5%, respectivamente) e do respectivo valor (21,5% e 13,5%, pela mesma ordem), em Março o número de transacções e o respectivo valor reduziram-se 14,1% e 3,3%, repectivamente, face ao mesmo mês de 2019.

A descida no mês de Março levou a que o número de alojamentos transaccionados registasse a maior redução em cadeia desde o primeiro semestre de 2014: entre o último trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2020, as transacções diminuíram 11,6%, sendo que no quarto trimestre o valor foi de 7,4%. 

AML com metade das vendas

Na análise regional às vendas, o destaque do INE sublinha o facto de, no período em análise, as transacções de alojamentos na Área Metropolitana de Lisboa (AML) totalizaram 3,2 mil milhões de euros (47,8% do total), o montante mais elevado desta região na série disponível.

No Norte, as vendas de habitações fixaram-se nos 1,6 mil milhões de euros, correspondendo a um peso relativo regional de 23,3%. A quota relativa conjunta destas duas regiões foi 71,1%, o registo mais elevado desde o terceiro trimestre de 2018. Seguiram-se, em termos de maiores montantes de valores de transacções, a região Centro (786 milhões de euros), o Algarve (713 milhões de euros) e o Alentejo (235 milhões de euros).