Há dois novos casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus em Portugal

Os doentes foram encaminhados para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, e aguardam resultados das análises.

Foto
Os dois casos foram encaminhados para o Hospital Curry Cabral

Há dois novos casos suspeitos de infecção pelo coronavírus (2019-nCoV) em Portugal, confirmaram na tarde desta terça-feira as autoridades de saúde. Os doentes são dois homens, de 40 e 44 anos, e foram encaminhados para o Hospital Curry Cabral em Lisboa, uma das unidades de referência para estas situações, onde serão submetidos a análises para confirmar se há ou não infecção.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há dois novos casos suspeitos de infecção pelo coronavírus (2019-nCoV) em Portugal, confirmaram na tarde desta terça-feira as autoridades de saúde. Os doentes são dois homens, de 40 e 44 anos, e foram encaminhados para o Hospital Curry Cabral em Lisboa, uma das unidades de referência para estas situações, onde serão submetidos a análises para confirmar se há ou não infecção.

Os dois portugueses são o terceiro e quarto casos suspeitos registados no país – os primeiros dois não se confirmaram.

O primeiro caso suspeito, revelado em comunicado pela Direcção-Geral da Saúde, é de um homem de 44 anos, português residente na Grande Lisboa, e foi validado através da linha de apoio ao médico. Em conferência de imprensa realizada ao final da tarde desta terça-feira, a directora-geral da Saúde explicou que este homem “apresenta dois critérios para ser validado" como caso suspeito: “Sintomas compatíveis com a nova infecção e uma ligação epidemiológica em função do percurso dos últimos dias”.

O segundo caso é de um homem de 40 anos, também residente na Grande Lisboa, que teve contacto com cidadãos alemães que adoeceram, fora do nosso país, e por isso “estava em vigilância e os sintomas foram detectados precocemente”, explicou a directora-geral Graça Freitas em conferência de imprensa. A mesma especificou que fazia parte de um grupo que esteve em com alemães que fazem parte de uma empresa que fez formação com um cidadão chinês que se soube depois estar infectado com o novo coronavírus.

Até ao momento, não há nada que indique que qualquer uma destas pessoas tenha a doença, mas estes dados e restante história clínica será agora apurada. Graça Freitas adiantou que ambos “estão estáveis”. Ambos foram encaminhados para o Hospital Curry Cabral. A directora-geral da Saúde revelou que a situação clínica dos dois casos é diferente, já que “um apresenta sintomas há mais tempo e outro há menos”. Recordou que na fase inicial, a sintomatologia confunde-se com a da gripe.

As análises vão ser feitas pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) e os resultados serão conhecidos esta quarta-feira.

Na conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales voltou a fazer um ponto da situação dos 20 cidadãos repatriados da cidade chinesa de Wuhan - 18 portugueses e duas brasileiras - para dizer que “não estão doentes, estão bem e tranquilos”. “Feita a instalação das pessoas, o Ministério da Saúde está focado na monitorização das condições saúde, na criação de mecanismos de gestão de expectativas e melhoria das condições de conforto.”

Questionada sobre a realização de segundas análises ao grupo repatriado e que está instalado no Hospital Pulido Valente e no Parque da Saúde, em Lisboa, Graça Freitas explicou que se reuniram com o grupo de especialistas que está a apoiar a DGS na decisão e que está a ser feita uma revisão da literatura. “De acordo com o que os peritos indicarem, procederemos em conformidade. Não será antes das 72 horas. Articularemos com o Insa para proceder à operacionalização das segundas colheitas na altura em que os especialistas considerem mais pertinente e de acordo melhor evidência científica.”

Esta terça-feira a DGS e o Ministério da Saúde reuniram-se com o Conselho Nacional de Saúde Pública. Questionado sobre se daí teria resultado alguma alteração à questão da quarentena, que em Portugal não é obrigatória, o secretário de Estado da Saúde afirmou que se tratou “de uma reunião de sedimentação e de troca de conhecimentos e de muita reflexão”. Esta semana haverá nova reunião com o Conselho Coordenador de Emergência, que pertence a este conselho.

Graça Freitas voltou a afirmar que não existem indicações internacionais para a realização de rastreios nos aeroportos de voos que cheguem da China, lembrando também que esta medida não mostrou grande eficácia no passado. E deixou um apelo “ao bom senso”, pedindo que não existam situações de discriminação a cidadãos asiáticos.

Mais de 20 mil infectados

Segundo o último balanço, existem mais de 20 mil infectados só na China e, em termos globais, foram detectados 151 casos em 23 países e regiões — entre eles a Bélgica, o último país a registar um caso positivo de coronavírus.

O número de mortos causados pelo novo coronavírus também não pára de crescer, tendo-se registado 64 mortes na província de Hubei, num só dia. Hong Kong registou também a primeira morte por coronavírus. A vítima era um homem de 39 anos que já tinha problemas de saúde e que, de acordo com as autoridades do território, fez uma viagem de comboio a Wuhan, centro do surto do coronavírus, de 21 a 23 de Janeiro. Contando com essa morte e com a de um cidadão das Filipinas no domingo, o número global de mortes ascende a 427.

O vírus já matou mais na China do que a epidemia de SARS (síndrome respiratória aguda grave). No entanto, a taxa de mortalidade é menor: no caso do novo coronavírus é de 2,1%, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde chinesa. Em Hubei, epicentro do surto, a taxa é ligeiramente mais alta: 3,1%. Foi nesta província que se registaram cerca de 97% de todas as mortes.