Toby Price, o primeiro a assistir Paulo Gonçalves: “Não havia nada a fazer”

O piloto australiano diz que ficou desidratado “com as lágrimas” após assistir português. Paulo Gonçalves sofreu “lesões graves na cabeça, pescoço e coluna”. A equipa do piloto português abandonou a prova “em profundo luto”.

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Reuters

O australiano Toby Price (KTM) revelou que chegou a ficar “desidratado com as lágrimas” pela morte de Paulo Gonçalves, no domingo, na sétima etapa do Rali Dakar de todo-o-terreno, depois de ter sido o primeiro a chegar junto do português.

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O australiano Toby Price (KTM) revelou que chegou a ficar “desidratado com as lágrimas” pela morte de Paulo Gonçalves, no domingo, na sétima etapa do Rali Dakar de todo-o-terreno, depois de ter sido o primeiro a chegar junto do português.

Numa publicação divulgada na rede social Facebook, o piloto australiano, que foi o primeiro a chegar junto do português, conta que o acidente aconteceu já depois do reabastecimento.

“O Paulo partiu para a etapa cinco minutos antes de mim e o pior aconteceu. Passei um pequeno morro e vi um piloto caído. Era o Paulo. Fui acometido pelos piores receios porque sabia que era sério”, relatou Price.

“Pedi ajuda de imediato e ajudei a colocá-lo de lado. Tentei chamar mais alguém para ajudar e foi quando chegou o [eslovaco] Stefan Svitko [um campeão] e ajudou no que pôde”, explicou ainda.

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Toby Price contou que “o primeiro helicóptero chegou” com o francês Luc Alphand, da organização, e “quando o helicóptero médico chegou já estavam a fazer manobras de reanimação”.

“Os médicos juntaram-se a eles e fizeram o que puderam. Ajudámos a segurar os sacos de soro, chegámos os sacos do equipamento médico e afastámos outros pilotos do local. Todos fizemos o que pudemos, mas não havia nada a fazer. Ainda o ajudei a levar pois era o mais correcto a fazer. Fui o primeiro a estar ao seu lado e quis ser o último a sair”, recordou o piloto australiano, que no domingo estava visivelmente abalado na chegada ao acampamento.

Price deixou ainda uma palavra de saudade para Paulo Gonçalves, dizendo ir “sentir a falta do sorriso no bivouac”.

“Os últimos 250 quilómetros foram duros, fiquei desidratado com as lágrimas. Neste momento, nem me importo com o resultado”, acrescentou.

O piloto da KTM garante que “trocava todas as vitórias para ter o companheiro de volta”. E deixou uma palavra de agradecimento a todas as mensagens recebidas de Portugal.

Lesões “graves na cabeça, pescoço e coluna” terão sido a causa da morte no domingo do piloto Paulo Gonçalves, adiantou fonte da equipa à agência Lusa.

A Hero, equipa de Paulo Gonçalves, anunciou esta segunda-feira que vai retirar-se do Rali Dakar, por os seus elementos estarem em “profundo luto” pela morte “trágica” do piloto português.