“O Estado não é pessoa fiável”

D. Manuel Linda, bispo do Porto, acusa o Governo de estar a tentar cercear a presença da Igreja Católica na sociedade, por via do desinvestimento nos serviços sociais detidos pela Igreja. Se o Estado não aumentar a comparticipação, avisa, muitos centros sociais e paroquiais vão fechar as portas.

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O bispo do Porto, D. Manuel Linda, não se mostra preocupado com a perda de influência da Igreja Católica na Europa Ana Costa

As instituições sociais detidas pela Igreja Católica estão, muitas delas, à beira de fechar portas, por causa da continuada diminuição da comparticipação estatal que foi sendo reduzida até aos actuais “pouco mais de 30% da despesa”. “Uma parte significativa destes serviços já está com a corda ao pescoço”, avisa o bispo do Porto, D. Manuel Linda, numa entrevista em que qualifica o fim dos contratos de associação com os colégios da Igreja como “das coisas mais dramáticas que aconteceram desde 1834”. Quanto à abertura das portas da Igreja à ordenação de homens casados e das mulheres, o bispo reconhece possibilidades de mudança na doutrina, mas, sustenta, a Igreja não tem “chaves para abrir o sacerdócio às mulheres”. E sim, a Igreja vem perdendo fiéis na Europa, mas está a crescer noutras partes do mundo. De resto, conclui, “a Igreja Católica não é mais uma igreja europeia”.