Cartas ao director

José Mário Branco I

A verdade faz-nos mais fortes

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José Mário Branco I

A música popular portuguesa e de intervenção social perdeu um dos seus últimos baluartes. Desapareceu fisicamente o enorme e brilhante cantautor, poeta e arranjador, José Mário Branco. Adriano Correia de Oliveira e José Afonso, já desaparecidos, também ajudaram a semear o glorioso 25 de Abril!

Felizmente, entre nós estão, Fausto Bordalo Dias, Francisco Fanhais e Fernando Tordo entre poucos. As pessoas só são quando fazem e José Mário Branco foi ao longo da sua vida um profícuo obreiro. As suas canções populares têm uma forte mensagem de inquietação, de apelo à luta para que os povos tenham uma vida afastada da precisão e da insuficiência. “Somos a maioria e quando dermos conta de tal, outro galo cantará em Portugal!”, disse-me o meu querido e já saudoso amigo e companheiro, Zé Mário.

Vítor Colaço Santos, Areias

José Mário Branco II

José Mário Monteiro Guedes Branco é um nome luminoso do movimento revolucionário português. Em resistir é vencer cantou a solidariedade, a amizade e a procura de melhores condições de vida para o povo português. O autor de Ser solidário aproximou  a música popular portuguesa à música de intervenção .Cada vez é mais necessária a intervenção cívica pela democracia e a liberdade. Quando a extrema-direita cresce na Europa, honremos José Mário Branco, cantando:”Ser solidário, sim, por sobre a morte/Que depois dela só o tempo é forte/E a morte nunca o tempo a redime/Mas sim  o amor dos homens que se exprime”

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

José Mário Branco III

Acabamos de saber da triste notícia de que José Mário Branco (1942-2019) partiu para lá da dimensão que todos nós conhecemos. Partiu inopinadamente, mas avisando-nos de “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades”, deixando-nos já com eternas saudades.

Durante a sua carreira de músico, compositor e cantor/trovador de intervenção foi com grande “Inquietação” que absorveu a “Canção da Paciência” e, num “Agora”, mergulhou em “Canto dos Torna-Viagem”, para nos brindar com “Eu Vim de Longe, Eu Vou Pra Longe”, em “A Nau de António Faria”, nos tempos da “Moda do Entrudo”. E indo para “A Proa”, fez-nos “Queixas das Almas Jovens Censuradas”, dizendo-nos que “O País Vai de Carrinho”, enquanto pedia “Casa Comigo Marta”, para de seguida entrar na “Década de Salomé”.

Então, “O Canarinho” cantou “Que Força é Essa”, enquanto com as “Galinhas do Mato”, assim desabafou: “Qual é a Tua, ó Meu”, para depois dizer “Eu Dizia” e cantar “Eu vi este Povo a lutar”, e, de seguida, trautear a “Canção do Medo”.

E, saltando de tema em tema do seu longo repertório, quedemo-nos finalmente em “Nevoeiro”, no qual, sem sebastianismos salvadores, só nos resta as saudades, que já são muitas, deste nosso cantautor da Liberdade.

José Amaral, Vila Nova de Gaia