Polícia desliga servidores de conteúdo ilegal que funcionavam num antigo bunker da NATO

Autoridades dizem que tiveram de ultrapassar protecções físicas e digitais. Centro de dados alojava sites de venda de droga, software malicioso e pornografia infantil.

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Estão a ser investigadas 13 pessoas Kacper Pempel/Reuters

Um centro de dados suspeito de servir há anos para alojar conteúdo ilegal a partir de um antigo bunker da NATO foi encerrado pela polícia alemã, naquele que é, pelo menos, o segundo caso em que instalações militares são usadas para proteger actividades de criminosos online.

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Um centro de dados suspeito de servir há anos para alojar conteúdo ilegal a partir de um antigo bunker da NATO foi encerrado pela polícia alemã, naquele que é, pelo menos, o segundo caso em que instalações militares são usadas para proteger actividades de criminosos online.

O anúncio do encerramento das instalações foi feito nesta sexta-feira, noticiou a agência France Press. A operação envolveu a detenção de sete pessoas, incluindo um homem holandês de 59 anos, que a polícia crê ter sido o responsável pela compra do bunker há seis anos. O homem tinha residência em Singapura mas as autoridades julgam que passava a maior parte do tempo nas instalações agora controladas pela polícia.

Ao todo, estão a ser investigadas 13 pessoas. A identificação dos detidos não foi divulgada. São suspeitos de vários crimes, incluindo a distribuição de pornografia infantil.

As autoridades afirmam que o centro de dados já terá alojado sites como o Cannabis Road, uma plataforma para venda de droga, o Orange Chemicals, que vendia drogas sintéticas, bem como o Wall Street Market, uma plataforma onde era possível, por exemplo, adquirir software malicioso usado em crimes online ou informação bancária roubada.

A polícia alemã afirmou que a operação implicou não apenas ultrapassar os desafios físicos colocados por um antigo bunker da NATO, mas também as protecções digitais do centro de dados.

“Creio que é um grande sucesso que tenhamos sido capazes de fazer com que forças policiais tenham entrado no complexo do bunker, que ainda está protegido segundo os mais elevados padrões militares”, afirmou o oficial da polícia Johannes Kunz, citado pela France Press. “Tivemos de ultrapassar não apenas protecções reais, ou analógicas, mas também as protecções digitais do centro de dados.”

Esta não é a primeira vez que um antigo bunker é usado para actividades ilegais online.

Em 2013, uma empresa chamada Cyberbunker lançou um ataque de negação de serviço em larga escala a partir de antigas instalações da NATO na Holanda. Neste tipo de ataque, servidores são inundados com pedidos de acesso, fazendo com que deixem de responder – isto significa que serviços (como serviços de email ou serviços públicos e bancários, entre outros) deixam de estar acessíveis ou ficam acessíveis apenas intermitentemente. A Cyberbunker gabava-se então de que as instalações onde alojava os seus servidores tinham sido capazes de resistir a uma tentativa de assalto da polícia especial holandesa. 

Há indícios de que as operações de ambos os bunkers estão relacionadas.