A América foi “great again

Selecção dos EUA derrotou a Holanda, em Lyon, na final do Mundial, conquistando o seu quarto título em oito edições. Megan Rapinoe acabou como a melhor marcadora e foi eleita a melhor jogadora.

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Com toda a polémica lateral com o seu Presidente, a selecção dos EUA mostrou que continua a ser imbatível no futebol feminino e, na final deste domingo, foi “great again”, derrotando a Holanda por 2-0, em Lyon, e conquistando o seu segundo título de campeã mundial consecutivo e o quarto em oito edições do torneio. As norte-americanas levaram mais de uma hora para quebrar a resistência da campeã europeia, mas mais do que justificaram o seu favoritismo e consolidaram o seu lugar na história do futebol. Já eram a melhor selecção de futebol feminino de sempre, e vão continuar a ser.

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Com toda a polémica lateral com o seu Presidente, a selecção dos EUA mostrou que continua a ser imbatível no futebol feminino e, na final deste domingo, foi “great again”, derrotando a Holanda por 2-0, em Lyon, e conquistando o seu segundo título de campeã mundial consecutivo e o quarto em oito edições do torneio. As norte-americanas levaram mais de uma hora para quebrar a resistência da campeã europeia, mas mais do que justificaram o seu favoritismo e consolidaram o seu lugar na história do futebol. Já eram a melhor selecção de futebol feminino de sempre, e vão continuar a ser.

Muitas destas mulheres foram bicampeãs, como a treinadora, Jill Ellis, ou várias jogadoras como Alex Morgan e Carli Lloyd, mas este foi o Mundial, dentro e fora do campo, de outra bicampeã, Megan Rapinoe. A média ofensiva de 34 anos, que se apresentou nesta competição com o cabelo pintado de lilás, acabou o torneio como a melhor marcadora (seis golos, um deles na final) e recebeu o prémio de melhor jogadora, fazendo tudo isto ao mesmo tempo que não deixava de expressar as suas opiniões sobre um assunto - igualdade - e de como não é um dado adquirido para toda a gente. E com as suas palavras, tal como faz com a bola nos pés, também leva tudo à frente.

Os EUA entravam nesta final com o peso do favoritismo, quase que obrigados a ganhar, sobretudo depois de terem exibido um alto nível competitivo frente a adversários como a França ou a Inglaterra. Mas as estreantes holandesas queriam, também elas, entrar para a história, dar mais um passo na sua ascensão fulgurante na cadeia alimentar do futebol feminino. Já o tinham feito no Europeu, que venceram em casa, e já o estavam a fazer neste Mundial, com uma final alcançada à segunda participação. O passo seguinte seria ganhar à melhor selecção do mundo.

Durante uma hora, a Holanda foi consistente na defesa e teve uma heroína na baliza, Sari van Veenendaal, justamente eleita como a melhor guarda-redes do torneio, aproveitando, sempre que podia, para atacar em investidas rápidas. Mas o jogo pertenceu sempre às norte-americanas, que chegaram ao golo aos 61’, graças a um penálti convertido por Rapinoe, depois de uma falta cometida por Stefanie Van der Gragt sobre Alex Morgan dentro da área.

A árbitra francesa Stephanie Frappart não assinalou o castigo de imediato, mas esperou pelas instruções do videoárbitro e, depois, foi ao monitor confirmar que tinha existido mesmo falta da central holandesa. Da marca dos 11 metros, Rapinoe atirou quase ao meio da baliza para aquele que foi o seu sexto golo do torneio – apanhou na lista das goleadoras a sua colega de equipa Alex Morgan e a britânica Ellen White e ficou com a bota de ouro por ter tido menos tempo de jogo.

As holandesas tentaram responder, mas foram as norte-americanas que, aos 69’, aumentaram a vantagem para 2-0, com um grande golo de Rose Lavelle, num potente e colocado remate de fora da área. A partir do segundo golo sofrido, as holandesas como que baixaram os braços e estiveram perto de sofrer uma goleada, não fosse a cerimónia das adversárias no momento do remate e mais uns quantos momentos heróicos da sua guarda-redes.

Quando Gianni Infantino, presidente da FIFA, desceu ao relvado para entregar o troféu de campeão às norte-americanas, ouviu das bancadas lotadas - 58 mil espectadores - apupos e gritos para “prémios iguais”, depois de Infantino ter dito que iria aumentar os prémios do Mundial feminino para um valor que corresponde a um sétimo dos prémios do Mundial masculino. No meio dos protestos, a festa voltou a ser norte-americana e toda a equipa recebeu os parabéns de toda a gente.

E, sim, também de Donald Trump, embora mais de duas horas depois do final do jogo e provavelmente a contragosto, depois de ter ouvido Megan Rapinoe a dizer que não iria à “merda da Casa Branca”. Trump respondeu dizendo que a jogadora devia ganhar antes de falar, mas já devia saber que, para Rapinoe e as suas colegas de equipa, ganhar faz parte da sua natureza. Vão ter direito a uma parada em Nova Iorque, mas ninguém acredita que venha um convite da Casa Branca, que tinha por hábito (várias vezes quebrado nos últimos tempos) de convocar equipas desportivas vencedoras. Jill Ellis, a treinadora britânica bicampeã com a selecção americana, não acredita muito nisso: “Não fui convidada e aposto em como isso não vai acontecer.”