O sindicalismo policial e a liberdade de expressão

Os sindicatos são essenciais, mas neste caso da ASPP, acabamos de assistir a uma vitória das forças mais obscurantistas e primárias do sindicalismo nas forças de segurança.

O Júlio, vítima de um AVC que lhe causara reduzida mobilidade dos membros superior e inferior direito, tinha acabado de sair de um estabelecimento de telecomunicações nas imediações da esquadra, e caminhava em direção à paragem de autocarro trazendo na mão esquerda o seu telemóvel. De imediato, três agentes da PSP, avistando-o, e convencidos que o mesmo estivesse estado a filmar os acontecimentos ao redor da esquadra, correram na sua direção, tendo um deles dito: “Foda-se, és um amputado! Tu é que andavas a filmar!”, desferindo-lhe uma bastonada na mão esquerda que o fez largar o telemóvel. De seguida, um desses três agentes desferiu um murro na cara do Júlio, tendo-lhe ordenado que se deitasse no chão, o que este acatou, sendo que, dois desses três agentes, arrastaram-no a seguir para o interior da esquadra. Aí foi-lhe ordenado que se deitasse no chão, o que fez, sendo que, agentes não identificados ao passarem por ele, o pisavam intencionalmente. A determinada altura, um dos agentes da PSP perguntou ao Júlio qual a razão para trazer a tala no braço, ao que este respondeu que tinha perdido capacidade motora naquele membro por efeito de um AVC, ocasião em que o agente, em tom de gozo e com manifesta intenção de o humilhar e amedrontar, dirigiu-se-lhe da seguinte forma: “então não morreste? Agora vai-te dar um que vais morrer”, “ainda por cima és pretoguês!”, ao mesmo tempo que lhe deu, pelo menos, um puxão de cabelo. Uma agente da PSP, que na altura se encontrava no interior da secretaria, não obstante ter-lhe sido pedida ajuda pelo Júlio, sendo percetível a sua debilidade física, nada fez, e até lhe respondeu: “Não é nada comigo”. E para terminar, quando foi transportado da esquadra de Alfragide para o Comando Metropolitano de Lisboa, em condições lamentáveis, o Júlio ainda teve de ouvir um dos agentes da PSP, dizer-lhe: “pretos do caralho, vão para a vossa terra!”.

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O Júlio, vítima de um AVC que lhe causara reduzida mobilidade dos membros superior e inferior direito, tinha acabado de sair de um estabelecimento de telecomunicações nas imediações da esquadra, e caminhava em direção à paragem de autocarro trazendo na mão esquerda o seu telemóvel. De imediato, três agentes da PSP, avistando-o, e convencidos que o mesmo estivesse estado a filmar os acontecimentos ao redor da esquadra, correram na sua direção, tendo um deles dito: “Foda-se, és um amputado! Tu é que andavas a filmar!”, desferindo-lhe uma bastonada na mão esquerda que o fez largar o telemóvel. De seguida, um desses três agentes desferiu um murro na cara do Júlio, tendo-lhe ordenado que se deitasse no chão, o que este acatou, sendo que, dois desses três agentes, arrastaram-no a seguir para o interior da esquadra. Aí foi-lhe ordenado que se deitasse no chão, o que fez, sendo que, agentes não identificados ao passarem por ele, o pisavam intencionalmente. A determinada altura, um dos agentes da PSP perguntou ao Júlio qual a razão para trazer a tala no braço, ao que este respondeu que tinha perdido capacidade motora naquele membro por efeito de um AVC, ocasião em que o agente, em tom de gozo e com manifesta intenção de o humilhar e amedrontar, dirigiu-se-lhe da seguinte forma: “então não morreste? Agora vai-te dar um que vais morrer”, “ainda por cima és pretoguês!”, ao mesmo tempo que lhe deu, pelo menos, um puxão de cabelo. Uma agente da PSP, que na altura se encontrava no interior da secretaria, não obstante ter-lhe sido pedida ajuda pelo Júlio, sendo percetível a sua debilidade física, nada fez, e até lhe respondeu: “Não é nada comigo”. E para terminar, quando foi transportado da esquadra de Alfragide para o Comando Metropolitano de Lisboa, em condições lamentáveis, o Júlio ainda teve de ouvir um dos agentes da PSP, dizer-lhe: “pretos do caralho, vão para a vossa terra!”.