Portugueses “estão a responder bem ao clima de desconfiança”

Tiago Fernandes está convicto que o país já ultrapassou a crise democrática que viveu durante a recessão.

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Tiago Fernandes Rui Gaudencio

Tiago Fernandes, coordenador do estudo Instituições e qualidade da democracia, cultura política na Europa do Sul, acredita que Portugal já saiu da crise democrática que, tal como outros países, viveu durante os anos da crise económica.

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Tiago Fernandes, coordenador do estudo Instituições e qualidade da democracia, cultura política na Europa do Sul, acredita que Portugal já saiu da crise democrática que, tal como outros países, viveu durante os anos da crise económica.

“Já não se notam tanto os sintomas, as pessoas já estão a responder bem ao clima de desconfiança que se viveu na altura da recessão”, disse ao PÚBLICO o professor de ciência política da Universidade Nova de Lisboa.

Ainda assim, entende que os motivos para festejar não devem ser exagerados porque “os níveis de confiança foram muito altos na altura”. “É verdade que Portugal os níveis de confiança, o cepticismo, no nosso país não foram tão baixos como em alguns dos outros países analisados, mas, ainda assim, foram muito altos e isso deve continuar a ser motivo de preocupação”, acrescentou.

Um dos aspectos revelados pelo estudo que causou alguma surpresa aos investigadores foi o facto “de os partidos tradicionais mais fortes e enraizados na sociedade civil tenderem a estimular a confiança quando as suas posições políticas são claras e programáticas”.

Quanto à questão de os sindicatos e a justiça merecerem mais confiança dos cidadãos do que as instituições políticas, mesmo nos períodos mais graves da crise económica, Tiago Fernandes atribui essa diferença ao facto de “muitas vezes as estruturas sindicais e judiciais serem vistas como que substituindo-se aos partidos”, ao mesmo tempo que “transmitem uma imagem de independência face ao poder político e uma imagem de rigor”.