Combustíveis: há bombas prioritárias sem reservas para emergências

Numa ronda por quase três dezenas de postos, o PÚBLICO encontrou vários que não cumpriam todos os requisitos da Rede Estratégica de Postos de Abastecimento. Alguns nem sabiam que faziam parte dela.

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Rede Estratégica de Postos de Abastecimento foi criada pelo Governo para responder à greve dos motoristas de matérias perigosas bruno lisita/Arquivo

O Governo criou, na noite de quarta-feira, a Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA), com 310 postos espalhados pelo país obrigados a ter reserva de diferentes tipos de combustível para veículos prioritários (emergência médica, forças de segurança, transportes colectivos, entre outros).

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O Governo criou, na noite de quarta-feira, a Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA), com 310 postos espalhados pelo país obrigados a ter reserva de diferentes tipos de combustível para veículos prioritários (emergência médica, forças de segurança, transportes colectivos, entre outros).

Numa ronda telefónica feita pelo PÚBLICO junto de 26 postos prioritários, cinco deles não tinham as reservas de pelo menos um dos tipos de combustível (gasóleo, gasolina ou GPL) a que estão obrigados – um deles encontrava-se até fechado. Alguns funcionários desconheciam que o seu posto faz parte da REPA.

Na Grande Lisboa, o posto do Jumbo de Sintra, por volta das 17h30, encontrava-se encerrado. A bomba, apesar de ter sido considerada prioritária, não oferecia nem gasóleo, nem gasolina, esperando ser reabastecida duas horas depois. Em Loures, o posto da Prio não encerrou, mas apenas assegurava GPL, esperando também o fornecimento de mais combustíveis. Já na Estrada da Luz, em Lisboa, as reservas de gasóleo da BP nem às entidades prioritárias conseguiam atestar, enquanto na Avenida Bento Gonçalves, em Almada, o posto da Repsol apenas vendia gasolina.

Na Galp da Praça Carlos Lopes, em Viseu, os veículos prioritários podiam abastecer – faltava, porém, gasolina para os clientes particulares e não havia perspectivas para o reabastecimento. No Carregal do Sal, no distrito de Viseu, não era a gasolina, mas sim o gasóleo que se restringia aos veículos em serviço prioritário. As perspectivas de reabastecimento deste posto da Prio apontavam para sábado, mas na Cepsa de Tondela esperava-se que “talvez só na terça-feira”, afirmou um dos trabalhadores.

Mais a sul, nas Portas de Machede, em Évora, a BP servia os veículos de serviço prioritário, mas quem quisesse encher o depósito com gasóleo teria que rumar a outro posto. Seguindo em direcção ao sotavento algarvio, a gasolina encontrava-se esgotada na Prio de Tavira – para todos os clientes, incluindo prioritários.

No distrito do Porto, 40 postos estão obrigados a limitar os abastecimentos a um máximo de 15 litros por veículo até que a situação dos combustíveis fique completamente resolvida. Contudo, em três deles, esta quinta-feira, não era aplicada esta restrição. Num destes postos de abastecimento, nem os próprios funcionários sabiam que o posto de abastecimento constava da REPA e estava sujeito a estas normas.