Cada euro de investimento público nos politécnicos é, no mínimo, duplicado

Estudo encomendado pelo CCIPS mostra que a actividade económica gerada por cada uma destas instituições pode chegar aos 129 milhões de euros anuais.

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Politécnico de Bragança vale 10% do PIB da região ADRIANO MIRANDA

Cada euro de investimento público nos institutos superiores politécnicos é transformado por estas instituições em pelo menos dois euros de actividade económica, revela um estudo do conselho coordenador dos politécnicos, que é divulgado nesta quinta-feira.

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Cada euro de investimento público nos institutos superiores politécnicos é transformado por estas instituições em pelo menos dois euros de actividade económica, revela um estudo do conselho coordenador dos politécnicos, que é divulgado nesta quinta-feira.

Entre os institutos analisados – Beja, Bragança, Castelo Branco, Cávado e Ave, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Tomar, Viana do Castelo e Viseu – o melhor resultado no retorno do investimento público pertence ao politécnico do Cávado e Ave, que multiplica por 5,61 cada euro investido.

No estudo O impacto económico dos institutos superiores politécnicos em Portugal, do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que analisa os impactos directos e indirectos da presença de 12 destes institutos nas regiões onde se inserem, é o politécnico de Beja que aparece com resultados mais baixos na multiplicação do investimento público. Ainda assim, consegue transformar cada euro investido em dois.

Os resultados não surpreendem o presidente do CCISP, Pedro Dominguinhos, que em entrevista à agência Lusa sobre o estudo defendeu que “quem está no terreno tem a noção clara do impacto que cada instituição politécnica possui” para os seus concelhos e regiões.

“Às vezes os números falam por si só, representam um impacto muito significativo do ponto de vista do valor e da despesa gerada, mas acima de tudo representam um impacto muito significativo também ao nível do emprego gerado”, disse o também presidente do politécnico de Setúbal, que defendeu que o estudo demonstra “de uma forma inequívoca a imprescindibilidade” dos politécnicos para o desenvolvimento e coesão e económica e social das regiões.

O caso de Bragança

No caso de Bragança, por exemplo, o politécnico local é, entre os 12 analisados, aquele que mais pesa na criação de riqueza regional. Representa 10% do Produto Interno Bruto (PIB) local e a sua actividade económica gera perto de 65 milhões de euros anuais. É também o 3.º maior empregador na região onde se insere, tendo criado 2.188 postos de trabalho, absorvendo 9% da população activa.

A actividade económica gerada pelos 12 institutos analisados neste estudo varia entre os 17 milhões de euros do politécnico de Portalegre e os 129 milhões de euros do politécnico de Leiria.

“Aquilo que nós demonstramos é que o investimento no ensino superior em Portugal, sobretudo politécnico, é altamente reprodutivo”, acrescenta Pedro Dominguinhos. Para o representante dos politécnicos, “essa é talvez a mensagem mais importante”, defendendo que qualificar pessoas e transferir conhecimento para a sociedade “é talvez a arma mais poderosa que um país pode ter”.

Os gastos dos estudantes, sobretudo em alojamento, representam em média 80% do impacto económico directo dos institutos politécnicos nas regiões onde estão inseridos, de acordo com o mesmo estudo. Mais de 61 milhões de euros por ano é quanto valem os estudantes do politécnico de Leiria para aquela região. Este é o valor mais elevado entre os institutos analisados, que se explica por Leiria ter o instituto com maior número de alunos.

O impacto directo das instituições divide-se entre gastos dos docentes, dos funcionários, dos estudantes e da própria instituição, de onde se excluem salários, por exemplo, e se contabilizam apenas os gastos correntes em bens e serviços de empresas locais.

Aos mais de 61 milhões de euros gastos pelos estudantes em Leiria, que regista o valor mais elevado, contrapõem-se os cerca de 7,8 milhões de euros do politécnico de Tomar. Em termos absolutos, contabilizando as quatro variáveis, os valores de impacto directo variam entre cerca de 10 milhões de euros em Portalegre e 76 milhões de euros de Leiria.

Por aluno, e em termos gerais, o impacto directo estimado nas regiões é de 6850 euros por cada estudante adicional, que se traduz num impacto total de 11.645 euros gerado por esse mesmo estudante.