Presidente da Câmara de Borba é independente há 17 anos

Na sequência da tragédia, António Anselmo ficou conhecido pela forma directa e telegráfica como responde às questões colocadas pela comunicação social.

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LUSA/NUNO VEIGA

Quando iniciou a sua carreira política há 17 anos, o actual presidente da Câmara de Borba não contaria que um dia fosse confrontado com o drama resultante do aluimento de um troço da fatídica estrada que o município recebeu das mãos da administração central em 2005.

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Quando iniciou a sua carreira política há 17 anos, o actual presidente da Câmara de Borba não contaria que um dia fosse confrontado com o drama resultante do aluimento de um troço da fatídica estrada que o município recebeu das mãos da administração central em 2005.

Na sequência da tragédia, cujo balanço está por fazer, António Anselmo ficou conhecido pela forma directa e telegráfica como respondia às questões colocadas pela comunicação social, horas depois do aluimento da arriba que soterrou um número ainda indeterminado de pessoas. São suas as expressões: "Cá estaremos para assumir as responsabilidades, ou não", deixando no ar uma interrogação; "As desculpas nunca se pedem evitam-se”; e ainda “nunca na vida” - para sublinhar que nunca foi informado da alegada perigosidade da estrada que ruiu parcialmente.

Isto, apesar de ter declarado à Rádio Campanário em 2014 que havia “uma série de estudos” que davam conta do perigo da dita estrada: “Foram feitos estudos, ouvidos os empresários, houve uma explicação e já falamos com todos os proprietários de terrenos envolventes, mas estando em causa o perigo da estrada o assunto é muito sério”, disse na altura.

Começou a sua carreira política, em 2001, como presidente da junta de freguesia da Matriz, durante um mandato e depois como presidente da junta de freguesia de São Bartolomeu, durante dois mandatos, ambas no concelho de Borba, sempre eleito como independente em listas do Partido Socialista.

Contudo, a sua ambição maior estava vincada na gestão do município, quando o socialista Ângelo de Sá, que cumpria em 2013, o seu terceiro mandato e já não podia recandidatar-se ao cargo, lhe passaria o testemunho, candidatando-se como independente numa lista do PS à Câmara de Borba, nas autárquicas daquele ano. Mas a organização socialista não lhe satisfez o desejo e optou por outro candidato. António Anselmo não esmoreceu e retaliou, apresentando-se como cabeça de lista do Movimento Unidos por Borba – MUB, que fundou para ganhar as eleições com maioria relativa.

Até 2017, foram quatro anos “muito duros” reconhece o autarca sempre que lhe pedem o balanço à sua gestão anterior. Encontrou a autarquia muito endividada, facto que impôs “uma troika dentro da troika” para sanear as contas da autarquia, realça.

Em declarações à imprensa regional, tem dito que foi bem-sucedido, a ponto de não querer deixar a gestão do município de Borba, alegando que não estava disposto a “arrumar a casa para depois outros a desarrumarem”.

Ganha as últimas eleições autárquicas, com maioria absoluta, e agora tem outras contas para ajustar, caso lhe peçam responsabilidades pelo dramático acontecimento da passada segunda-feira que deixou a população de Borba aturdida, porque nunca imaginou poder vir a presenciar um desastre sem paralelo na história da comunidade.