“Não queremos só receber os alunos que não têm capacidade de continuar no ensino tradicional”

O Instituto Profissional de Transportes, em Loures, nasceu com o objectivo de formar gente para colmatar as necessidades das empresas do município. Passados 25 anos, a essência mantém-se e hoje é mais do que um projecto educativo. “É também social e de integração.”

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“Se estás aqui, é porque fazes parte da nossa história”, lê-se em letras garrafais coladas na entrada do principal pavilhão do Instituto Profissional de Transportes (IPTrans), em Loures. No dia em que a instituição assinala 25 anos, os alunos não parecem indiferentes ao peso desse quarto de século. A efeméride, assinalada esta sexta-feira com a visita do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, mobilizou a comunidade estudantil que preparou uma visita guiada ao responsável da tutela e o guiou por algumas das componentes práticas dos seus cursos.

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“Se estás aqui, é porque fazes parte da nossa história”, lê-se em letras garrafais coladas na entrada do principal pavilhão do Instituto Profissional de Transportes (IPTrans), em Loures. No dia em que a instituição assinala 25 anos, os alunos não parecem indiferentes ao peso desse quarto de século. A efeméride, assinalada esta sexta-feira com a visita do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, mobilizou a comunidade estudantil que preparou uma visita guiada ao responsável da tutela e o guiou por algumas das componentes práticas dos seus cursos.

No início, em 1993, um grupo composto pela Câmara Municipal de Loures, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias e a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações apercebeu-se da necessidade de adequar a formação dos recursos humanos às necessidades do concelho. E quais eram? Mais gente formada na área da logística e transportes.

“A nossa experiência é que o ensino profissional no início era considerado como menos digno e com menos valor. O recrutamento inicial aconteceu em zonas que eram mais carenciadas ou onde os alunos tinham mais dificuldade em ter um percurso normal”, lembra António Pombinho, presidente da mesa da Assembleia Geral e presidente do Conselho de Orientação Estratégica.

Hoje, “a situação alterou-se”. A escola encontrou o seu espaço. Com um grau de empregabilidade de 85%, na média dos últimos três anos, é “cada vez mais apelativa”, nota António Pombinho. A oferta vai desde cursos de informática e gestão, passando pelos transportes e pelo apoio à infância. Também não se cinge apenas ao secundário. Há opções para adultos, no âmbito do projecto Qualifica, e para jovens que ainda não tenham concluído o 9.º ano — os cursos de educação e formação, conhecidos como CEF.

Mesmo assim, é difícil promovê-la. Pelo menos junto dos alunos do ensino básico inseridos em agrupamentos que também têm escolas do secundário que oferecem cursos profissionais. O alerta é lançado por Nelson Sousa, presidente do IPTrans. Sobre o tema, durante a visita à escola, o ministro da educação também defendeu que “é importante que todos os alunos tenham contacto com as escolas profissionais das suas regiões”.

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O que é facto é que só nos últimos dois anos a escola começa a recuperar de uma quebra gradual no número de inscritos. Este ano, a direcção da escola diz que estão inscritos cerca de 200 alunos. No ano lectivo 2016/2017, segundo dados da Direcção-Geral de Estatística da Educação e da Ciência (DGEEC), contavam-se 146 matriculados nas ofertas profissionais. Em 2015/2016 tinham sido 100. Em 2012/2013 eram 139.

E há capacidade para mais alunos? Alguma. Mas “esse é um grande desafio e não depende só de nós”, diz Carla Cruz, assessora da Câmara Municipal de Loures e representante da autarquia na direcção do IPTrans. Os responsáveis da escola estão a estudar a ampliação do espaço, que ainda não tem data prevista de concretização.

Novos cursos

Para a representante da autarquia, este projecto já não é apenas educativo. “É também social e integração". E mais importante do que ter muitos alunos, é “criar uma identidade diferenciadora da escola”, nota Carla Cruz. “Não queremos só receber os alunos que não têm capacidade de continuar no ensino tradicional.”

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Uma característica diferenciadora desta escola são os cursos a que se propõe ensinar. Este ano, é a primeira do país a abrir o curso de técnico de Tráfego de Assistência em Escala, especificamente desenhado para o trabalho em aeroportos. Para o ano, vai disponibilizar o curso de técnico de Manutenção de Aeronaves. Mais: Nos próximos dias, irá apresentar à Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional — entidade responsável por validar estes cursos — a proposta para a formação específica de motoristas de pesados.

Objectivo: ensino superior

Se quando o ensino profissional surgiu a intenção não era ir para a faculdade, hoje há uma fatia considerável de alunos que terminam estes cursos e ambicionam ter formação superior, diz a directora pedagógica Helena Nunes. Porém, “não estão preparados para os exames de acesso como os do [ensino] científico-humanístico”, reconhece a professora.

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“Hoje em dia, existe um muito maior lote de oferta no ensino superior”, nota José Bourbon, director do IPTrans, o que permite que estes alunos possam também escolher opções mais profissionais, como é o caso dos cursos técnicos superiores profissionais. 

Sobre a relação entre ensino profissional e superior, o ministro da Educação sublinha que é “fundamental contar com os alunos do profissional no superior”, mas que apenas 18% dos estudantes que compõem o universo das universidades e politécnicos vem dessa área.

Notícia corrigida às 16h24 de 10 de Novembro — Substitui a referência aos Cursos Especializados Tecnológicos pelos cursos técnicos superiores profissionais.