Caruana, o primeiro americano pós-Fischer a lutar pelo título mundial

Magnus Carlsen começa hoje a defender o ceptro, que conquistou nas três últimas edições. É um duelo entre dois prodígios.

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LUSA/FACUNDO ARRIZABALAGA

Londres acolhe, a partir de hoje, um dos duelos mais esperados da história recente o xadrez, com Magnus Carlsen a tentar defender o título mundial perante o pretendente, o norte-americano Fabiano Caruana. Será a terceira vez que o norueguês, de 27 anos, luta pelo ceptro, desde que em 2013 destronou o anterior detentor do título, o indiano Viswanathan Anand. Depois disso, em 2014, defendeu-o com sucesso perante o mesmo adversário, para dois anos mais tarde ter vencido o russo Sergei Karjakin, num tenso encontro em que apenas no desempate das partidas semi-rápidas se conseguiu impor.

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Londres acolhe, a partir de hoje, um dos duelos mais esperados da história recente o xadrez, com Magnus Carlsen a tentar defender o título mundial perante o pretendente, o norte-americano Fabiano Caruana. Será a terceira vez que o norueguês, de 27 anos, luta pelo ceptro, desde que em 2013 destronou o anterior detentor do título, o indiano Viswanathan Anand. Depois disso, em 2014, defendeu-o com sucesso perante o mesmo adversário, para dois anos mais tarde ter vencido o russo Sergei Karjakin, num tenso encontro em que apenas no desempate das partidas semi-rápidas se conseguiu impor.

Se o encontro com o russo foi difícil, frente a Caruana, um ano mais novo, tudo leva a crer que só um Carlsen no seu melhor poderá conseguir ter sucesso, pois o norte-americano teve um ano brilhante e esteve a um pequeno passo de ultrapassar Carlsen no ranking mundial, estando a uns estatisticamente insignificantes três pontos do norueguês (2835 para 2832).

Este match assinala também o fim de um longo interregno dos Estados Unidos no palco mais alto do xadrez mundial, algo que já não acontecia desde 1972, quando Robert (Bobby) James Fischer defrontou Boris Spasky, no auge da Guerra Fria, e retirou à União Soviética um dos títulos mais acarinhados pelo regime, no encontro que ficou conhecido pelo “match do século” e que serviu mesmo como argumento para o cinema, num filme que esteve nos principais circuitos comerciais e que em Portugal passou no grande ecrã com o título O Dono do Jogo.

O encontro está previsto para 12 partidas clássicas, mas se nos últimos torneios em que os dois participaram Caruana tem conseguido melhores classificações, o mesmo não acontece no confronto directo, com Carlsen a levar claramente a melhor. Nos confrontos, que começaram em 2010, nas 33 partidas em ritmo clássico a vantagem de 10-5 é disso um sinal evidente, e nos ritmos mais rápidos a vantagem é ainda mais acentuada para o norueguês, 13-6, com quatro empates.

Mesmo assim, a estratégia de Caruana deverá passar por tentar decidir o encontro antes do desempate das partidas semi-rápidas, mas se arriscar demasiado Carlsen poderá aumentar a possibilidade de sucesso, pois, para um especialista no aproveitamento de vantagens, por pequenas que sejam, os desequilíbrios serão sempre bem-vindos.

“Estou mais maduro, sinto-me tranquilo, mas muito entusiasmado e com vontade de começar. Caruana é um adversário formidável, mas vou fazer o meu melhor para vencer de novo”, assinalou Carlsen no lançamento da final. Instado a comentar eventuais fraquezas do detentor do título, Fabiano Caruana foi claro: “Ele não tem debilidades óbvias. Claro que todos cometemos erros e o desafio é estar pronto para os aproveitar quando surgirem.”

Ambos os xadrezistas foram na sua infância considerados como verdadeiros prodígios, com o título de Grande Mestre a ser alcançado aos 13 anos pelo norueguês e aos 14 por Caruana. E quando perguntaram ao norte-americano, de mãe italiana, se a comparação com Bobby Fischer faz sentido, eis a resposta: “Acho que é cedo ainda para falar nisso. Se eu me tornar campeão do mundo, nessa altura a comparação passará a fazer mais sentido.”