Câmara do Porto conta as palavras da Lusa e acusa-a de “censura”

Em comunicado publicado no site, câmara diz que “das 545 palavras da notícia, 141 são neutras ou de enquadramento e 404 referem-se às críticas do orçamento e nenhuma é elogiosa.”

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Rui Moreira na tomada de posse como presidente da câmara municipal do Porto, há um ano, no Teatro Rivoli. Manuel Roberto

A Câmara do Porto não gostou da forma como a Lusa noticiou, esta terça-feira, a aprovação do orçamento municipal para o próximo ano, e, depois de fazer as contas às palavras dedicadas a cada um dos partidos representados na autarquia, tratou de acusar publicamente a agência de notícias de ter praticado “um acto de censura”.

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A Câmara do Porto não gostou da forma como a Lusa noticiou, esta terça-feira, a aprovação do orçamento municipal para o próximo ano, e, depois de fazer as contas às palavras dedicadas a cada um dos partidos representados na autarquia, tratou de acusar publicamente a agência de notícias de ter praticado “um acto de censura”.

Depois de a notícia ter sido difundida, a câmara  fez uma avaliação do que foi escrito sobre o que se passou na reunião do executivo que aprovou o documento e não perdeu tempo a manifestar-se, colocando um comunicado no seu site com o título “Agência Lusa censura declarações da maioria na discussão do orçamento”.

Para a Câmara do Porto, a notícia “não expressa os números e aquilo que foi a defesa do documento feita por Rui Moreira e pelos seus vereadores, como se limita, praticamente, a transcrever as críticas da oposição”.

Afirmando tratar-se do “maior orçamento de sempre, apresentado por Rui Moreira, com um enorme aumento de investimento em áreas como a habitação e obras públicas”, o comunicado queixa-se de a “notícia não fazer referência às declarações de dois vereadores” da maioria  e – acrescenta – “mesmo o presidente da câmara é quase ignorado na peça”.

“Das 545 palavras da notícia, 141 são neutras ou de enquadramento e 404 referem-se às críticas do orçamento e nenhuma é elogiosa ao mesmo tempo, apesar da CDU, que se absteve, ter elogiado e defendido vários aspectos, nomeadamente os fiscais, o que justificou que não votasse contra”, detalha o comunicado, acrescentando: ”Dessas palavras atribuídas aos representantes dos partidos ou para descreverem as suas posições, 173 transmitem as posições do PSD (que tem apenas um vereador e representa 10% dos votos), 205 transmitem as posições da CDU (um vereador e menos de 6% doas votos) e 100 transmitem as posições do PS (quatro vereadores e 28% dos votos). Apenas 24 palavras são para descrever o que disse Rui Moreira (sete vereadores e 45% dos votos), mas mesmo estas referem-se a um assunto relacionado com o Estado e não são de defesa do próprio orçamento”.

Ao PÚBLICO, a directora de informação da Lusa, Luísa Meireles, revelou que já foi enviada uma carta ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e que a agência “tomará todas as providência que entender por necessárias com vista à defesa e salvaguarda do seu bom nome”.

Com críticas sobre a elevada carga fiscal, aumento da despesa corrente e falta de respostas em relação a problemas como o da habitação, o orçamento da Câmara do Porto para 2019, no valor de 293,3 milhões de euros, foi aprovado esta terça-feira com os votos dos vereadores de Rui Moreira. A CDU absteve-se e o PS e o PSD votaram contra.