Líder do CDS-Madeira deixa a câmara e desafia Cafôfo a fazer o mesmo

Rui Barreto, que foi eleito em Julho para a liderança dos centristas do arquipélago, deixa esta terça-feira de ser vereador no Funchal, por considerar que não faz sentido ser autarca e candidato à presidência do governo regional.

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Rui Barreto com Assunção Cristas LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Em Julho passado, quando Rui Barreto foi eleito para liderar o CDS-Madeira, tratou logo de avisar que chegaria um momento em que teria de abdicar das funções de vereador, não executivo, na Câmara Municipal do Funchal. Esse momento chega esta terça-feira.

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Em Julho passado, quando Rui Barreto foi eleito para liderar o CDS-Madeira, tratou logo de avisar que chegaria um momento em que teria de abdicar das funções de vereador, não executivo, na Câmara Municipal do Funchal. Esse momento chega esta terça-feira.

“As duas funções não são incompatíveis, mas considero que liderar o CDS e ser candidato à presidência do governo regional, mantendo ao mesmo tempo a vereação no Funchal, seria faltar à verdade aos madeirenses”, interpreta Rui Barreto ao PÚBLICO, desafiando o presidente da autarquia, Paulo Cafôfo, a seguir o exemplo.

Cafôfo, afirma o líder centrista, quebrou o contrato com os funchalenses a quem pediu o voto. “Nem um mês depois de ter sido eleito já era anunciado como candidato a presidente do governo regional”, critica, insistindo que o presidente do município, que foi eleito como independente à frente de uma coligação em que entram PS, Bloco, JPP e outras forças políticas, não tem condições para continuar.

Exemplo a seguir

“Devia seguir o meu exemplo. Não pode continuar a gozar do privilégio de ser presidente da câmara para fazer campanha eleitoral, utilizando os meios da própria autarquia”, diz Barreto, apontando para as iniciativas partidárias que o autarca tem participado noutros concelhos, promovidas pelo PS.

Barreto, que escolheu a última reunião de câmara deste mês, que decorre esta terça-feira, para se despedir da autarquia, argumenta que ao concentrar-se apenas no assembleia regional, onde é deputado, e na liderança do partido vai produzir um trabalho de maior qualidade.

“É preciso ser claro e falar a verdade aos madeirenses, e é neste plano, no de candidato à presidência do governo regional, que eu me quero situar”, justifica, dizendo que por essa razão não faria sentido continuar a exercer funções autárquicas. “O partido tem pessoas capazes, que vão continuar o trabalho que tem sido feito pelo CDS na câmara municipal”, acrescenta, apontando para Luís Miguel Rosa, o número dois da lista, e que o irá substituir, e para Ana Cristina Monteiro, a número três, que vai também passar pelo lugar, em regime de substituição.

Honrado com trabalho feito

Na hora da saída, Barreto diz que sai “honrado com o trabalho” feito, e lança mais uma farpa para o presidente da autarquia. “Em apenas um ano, tenho mais para mostrar do que o presidente da câmara durante um mandato inteiro”. Mas agora, para o líder centrista, o tempo é de olhar para 2019. “O CDS quer ser uma alternativa à desilusão do PSD e à ilusão do Dr. Paulo Cafôfo”, explica, frisando que os centristas lideram a oposição na Madeira – são a segunda força política no parlamento regional – e têm por isso legitimidade para ambicionar vencer as próximas regionais.

“O CDS tem de se posicionar como uma alternativa e é para isso que vamos trabalhar”, afirma Barreto, que vai reassumir a liderança do grupo parlamentar, que deixou em Outubro passado, precisamente quando foi eleito vereador municipal.

O partido, que nas sondagens que têm sido publicadas na imprensa regional foi ultrapassado pelo PS nas intenções de voto, lideradas pelo PSD, vai agora para o terreno com o objectivo de recolher contributos para o programa eleitoral. “O Conselho Económico Social vai desenvolver uma série de iniciativas chamadas ‘Ouvir a Madeira’, que visam estruturar um programa que seja claro e exequível”, adianta, avisando: “Não vamos ceder a tudo, nem dar tudo”.