Tiger Woods. O "tigre" está de regresso?

O golfista norte-americano venceu um torneio do PGA Tour mais de cinco anos depois do seu último triunfo. Um sinal de que o “tigre” é capaz de voltar a rugir?

Foto
Tiger Woods Reuters/USA Today Sports

Foi considerado acabado. Foi aconselhado a abandonar. Foi-lhe sugerido que o melhor seria deixar de jogar golfe e optar por uma saída digna, pois não voltaria a ser o que já tinha sido – e o que já tinha sido não era pouco. Tiger Woods foi um dos melhores golfistas de todos os tempos, um dos que mais vezes ganhou no PGA Tour e que estava muito perto de alcançar o recorde absoluto, por enquanto ainda na posse do já retirado Sam Snead (82 triunfos). Só que Woods recusou render-se e, no passado fim-de-semana, concretizou aquilo que já é, por muitos, considerado o maior regresso ao mais alto nível da história do desporto mundial.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Foi considerado acabado. Foi aconselhado a abandonar. Foi-lhe sugerido que o melhor seria deixar de jogar golfe e optar por uma saída digna, pois não voltaria a ser o que já tinha sido – e o que já tinha sido não era pouco. Tiger Woods foi um dos melhores golfistas de todos os tempos, um dos que mais vezes ganhou no PGA Tour e que estava muito perto de alcançar o recorde absoluto, por enquanto ainda na posse do já retirado Sam Snead (82 triunfos). Só que Woods recusou render-se e, no passado fim-de-semana, concretizou aquilo que já é, por muitos, considerado o maior regresso ao mais alto nível da história do desporto mundial.

Ao vencer, no domingo, o Tour Championship, prova que encerra a época do PGA Tour, o circuito norte-americano de golfe e perante os 30 melhores jogadores da temporada, Tiger Woods colocou um ponto final a uma história que há mais de cinco anos não era mais do que uma sucessão de desilusões. Aos 42 anos e com as costas repletas de cicatrizes, resultado de quatro intervenções cirúrgicas, o norte-americano voltou a saber o que é vencer um torneio – o último que tinha conseguido ganhar havia sido o Bridgestone Invitational, em Agosto de 2013, há precisamente 1897 dias.

Nesse ano, Tiger Woods foi considerado o melhor jogador da temporada pela 11.ª ocasião na sua carreira, após conquistar cinco títulos. Caminhava a bom ritmo em direcção ao 18.º triunfo em majors, marca na posse de Jack Nicklaus e um dos raros recordes que ainda lhe escapa. Mas, meses depois, iniciou uma queda que o fez cair até ao lugar 1199 do ranking mundial – logo a ele, que durante meses e meses e de forma ininterrupta ocupou a primeira posição.

Desde essa data, Tiger Woods arrastou-se sem glória em 48 torneios mais ou menos mediáticos, na tentativa de voltar a ser o “tigre” que já tinha sido. Mas o norte-americano não mostrava ser capaz de voltar a “rugir”. Há apenas ano e meio foi detido pela polícia a conduzir alterado o seu automóvel, resultado de um cocktail de medicamentos que o deixaram num estado de quase letargia. Woods batia no fundo.

Antes, aquele que chegou a ser um dos desportistas mais bem pagos do mundo, viu a sua carreira desfazer-se, primeiro com as revelações de uma série de relacionamentos extraconjugais que tiveram um forte impacto na carreira do golfista, em especial em vários contratos publicitários milionários que mantinha com algumas das principais marcas mundiais e que acabaram por ser cancelados. Depois, ao sofrer com um conjunto de lesões nas costas, que o levaram à mesa de operações por quatro ocasiões.

"O meu corpo estava desfeito. Não conseguia caminhar, não conseguia estar deitado sem sentir dores nas costas e nas pernas”, confessou Woods após a vitória de domingo e recordando as dificuldades por que passou antes de, em Abril de 2017, ter sido submetido a uma cirurgia inovadora na espinal medula. “Os piores momentos foram aqueles em que não sabia se conseguiria voltar a viver sem sentir dores. Era algo que ultrapassava o desporto”, acrescentou o golfista norte-americano.

A vitória no torneio de Atlanta parece ter significado, portanto, um ponto de viragem na carreira de Woods. "Há cinco anos que estava sentado em cima das 79 [vitórias em torneios do PGA Tour]. Chegar às 80 é uma sensação bem boa”, desabafou o “tigre”, que garante ser uma pessoa diferente daquela que conquistou, há já dez anos, o seu 14.º e último major.

De volta à ribalta

Para já, Tiger Woods rumou a Paris, integrado na selecção norte-americano que a partir de sexta-feira vai disputar a Ryder Cup em França, no campo Le Golf National.

Uma convocatória que ninguém colocou em causa, apesar do seu actual ranking (13.º) obrigar Jim Furyk, seleccionador norte-americano, a convocar propositadamente o jogador. E Woods nem sequer tem sido muito feliz na Ryder Cup, prova que se disputa a cada dois anos e que coloca frente a frente as selecções dos EUA e da Europa – actualmente os norte-americanos são os detentores do troféu.

Em sete presenças na Ryder Cup, Woods só esteve no lado dos vencedores por uma ocasião, no já longínquo ano de 1999. Mas, para os norte-americanos, que tentam vencer a competição em solo europeu pela primeira vez desde 1993, nada melhor do que ter um competitivo e empolgado Tiger Woods a jogar com as suas cores.