França e Argentina, dois candidatos à procura de um plano

O primeiro lugar nos quartos-de-final discute-se neste sábado, em Kazan, entre duas selecções que não impressionaram na fase de grupos.

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Duas selecções longe de deslumbrarem, dois treinadores contestados e duas “estrelas” que ainda não o foram de pleno direito. Tudo isto se aplica ao que França e Argentina têm feito neste Mundial 2018. Uma teve uma fase de grupos mais tranquila, a outra precisou de “huevos” gigantes para passar. Didier Deschamps e Jorge Sampaoli parecem ser dois treinadores sem um plano convincente. Antoine Griezmann praticamente ainda não apareceu e a Argentina não sabe ainda bem o que fazer com Lionel Messi (se é que alguma vez soube). Em Kazan, será este o primeiro duelo dos oitavos-de-final do Rússia 2018 (15h, SP-TV1), dois antigos campeões do mundo a provar que merecem voltar a sê-lo.

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Duas selecções longe de deslumbrarem, dois treinadores contestados e duas “estrelas” que ainda não o foram de pleno direito. Tudo isto se aplica ao que França e Argentina têm feito neste Mundial 2018. Uma teve uma fase de grupos mais tranquila, a outra precisou de “huevos” gigantes para passar. Didier Deschamps e Jorge Sampaoli parecem ser dois treinadores sem um plano convincente. Antoine Griezmann praticamente ainda não apareceu e a Argentina não sabe ainda bem o que fazer com Lionel Messi (se é que alguma vez soube). Em Kazan, será este o primeiro duelo dos oitavos-de-final do Rússia 2018 (15h, SP-TV1), dois antigos campeões do mundo a provar que merecem voltar a sê-lo.

Deste primeiro confronto do Rússia 2018 entre antigos campeões do mundo sairá o adversário do vencedor do Uruguai-Portugal. E este é um confronto com alguma história em fases finais do torneio. Encontraram-se duas vezes, em 1930 e 1978, e a Argentina ganhou ambas, as duas na fase de grupos e em ambos os Mundiais, a Argentina teve carreira longa – em 1930, ganhou por 1-0 foi finalista vencida frente ao Uruguai, em 1978 ganhou por 2-1 foi campeã numa final contra a Holanda. Agora, pela primeira vez encontram-se numa fase a eliminar.

Os três jogos da fase de grupos mostraram duas selecções em fase de testes, e nenhuma das experiências nos dois lados foi particularmente convincente. A França teve uma fase de grupos invicta, com duas vitórias e um empate, mas foi protagonista daquele que será, até agora, o pior jogo do Mundial e o único que acabou sem golos, aquele horroroso 0-0 com a Dinamarca. Deschamps vai experimentando a melhor forma de encaixar as suas “estrelas”, mas esse tem sido o principal problema do seleccionador francês e isso leva a que alguns joguem fora de posição, como Griezmann, que ainda só conseguiu marcar um golo (de penálti).

Deschamps justifica as exibições menos conseguidas do vice-campeão europeu com a falta de experiência em grandes competições de muitos dos seus jogadores. “Os nossos três jogos da fase de grupos deixaram sensações mistas. Contra o Peru, foi o jogo mais conseguido, mesmo que a segunda parte tenha sido insuficiente em termos atacantes. Não gosto de dar desculpas, mas temos 14 jogadores que nunca estiveram numa grande competição, cinco que se estrearam num Mundial frente à Austrália, mais cinco que se estrearam com a Dinamarca, e, com toda a qualidade individual, pode ter havido alguma indulgência. Os contadores estão no zero. Ou vai, ou racha”, diz Deschamps.

Sampaoli tem um problema diferente, que, na verdade, é o mesmo problema dos seus antecessores. Messi nunca deveria ser um problema para ninguém, mas é. O “10” do Barcelona não parece ser o mesmo que o “10” da Argentina, e, no entanto, Leo já salvou a “albiceleste” incontáveis vezes. Nem sempre o consegue e, quando isso não acontece, a Argentina entra em pânico (e Maradona tem quebras de tensão) porque os outros craques da equipa (Aguero, Higuaín, Di Maria) congelam - para a qualificação teve de entrar em cena um herói improvável, Marcos Rojo, que levou, literalmente, Messi às cavalitas. “Messi tem um génio tão grande, uma clarividência de futebol que muitas vezes é difícil estar à altura dele”, reconhece Sampaoli, que toda a gente critica por não ter um plano fixo. E não têm sido poucas as notícias que dão conta que não é Sampaoli quem lidera a Argentina, mas Messi.

Com tantas semelhanças entre França e Argentina, há uma diferença fundamental entre as duas selecções: a equipa francesa tem a terceira média de idades mais baixa (26), a formação argentina tem a terceira média mais alta (29,3). Ou seja, há uma selecção que está em processo de maturação, outra que está em fim ciclo. A Argentina tem 14 jogadores com 30 ou mais anos, a França tem apenas cinco. Messi já não terá muitas mais oportunidades para fazer o que fez Maradona em 1986 (já levou a sua selecção à final em 2014, mas perdeu com a Alemanha), Griezmann ou Mbappé ainda terão várias para emular os feitos de Zidane e companhia em 1998.

Este França-Argentina será também um confronto particular entre dois jogadores que podiam ser colegas, mas que não irão ser. Era público que o Barcelona queria Griezmann para fazer companhia a Messi, mas o francês escolheu continuar no Atlético de Madrid, uma decisão anunciada já na Rússia. Será a primeira vez que se defrontam em jogos de selecções, mas já se encontraram 24 vezes a nível de clubes, e Messi leva grande vantagem. Sempre pelo Barcelona, o argentino ganhou 15 e marcou 17 golos, o francês, entre Real Sociedade e Atlético, ganhou quatro e marcou seis golos.