Estado sem data para sair da Galp

Miguel Cruz, presidente da Parpública, diz que o o processo de reprivatização não obriga o Estado a sair da Galp, onde é o segundo maior accionista, com 7,4%, numa data determinada. Para já, a ideia é ficar no capital da petrolífera.

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No universo de Parpública, empresa estatal presidida por Miguel Cruz, cabem participações como os 50% da TAP, 81% da Águas de Portugal, 100% da Companhia das Lezírias e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, mas também 7,4% da Galp Energia, uma das maiores empresas privadas em Portugal.

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No universo de Parpública, empresa estatal presidida por Miguel Cruz, cabem participações como os 50% da TAP, 81% da Águas de Portugal, 100% da Companhia das Lezírias e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, mas também 7,4% da Galp Energia, uma das maiores empresas privadas em Portugal.

Foi no ano passado que o Estado se assumiu como o segundo maior acionista da petrolífera dominada pela Amorim Energia (das descententes de Américo Amorim, da Sonangol e de Isabel dos Santos, com estes dois últimos de costas voltadas entre si), quando uma emissão de obrigações convertíveis em acções, feita no âmbito da reprivatização da Galp, chegou à maturidade e os investidores preferiram o encaixe financeiro.

Nessa altura, percebeu-se que não havia indicações para colocar as acções no mercado. Agora, Miguel Cruz diz que a privatização "não determina uma data para a conclusão do processo" de alienação do Estado. Sobre a TAP, outro investimento emblemático, afirma que um dos grandes objetivos é a redução da dívida da transportadora aérea.

A Parpública é actualmente a segunda maior accionista da Galp, com 7%. A ideia é manter-se no capital da empresa?
A Parpública tem 7,48% da Galp e é de facto o segundo maior accionista como decorre do processo de privatização que foi lançado. Atingida a maturidade do empréstimo obrigacionista convertível [em títulos da empresa] em Setembro do ano passado, as acções estão na Parpública. Neste momento, a Parpública é accionista da Galp, não vou fazer mais nenhum comentário sobre o que é que se passará de seguida numa sociedade que é cotada na bolsa.

Mas não tem orientações do accionista relativamente à estratégia? A Parpública tem ou não de sair do capital da empresa?
Nós estamos ao abrigo do exercício de privatização, que não determina uma data para a conclusão do processo. Nesse sentido, neste momento a Parpública é accionista da Galp.

No caso da TAP, o Estado é dono de 50% do capital e a Parpública ficou com 25% dos 120 milhões de euros de obrigações convertíveis em acções - o resto foi subscrito pela brasileira Azul. Quando é que estima que sejam convertidas em acções?
Foram subscritos 30 milhões de euros dos 120 milhões de euros. Portanto, se houver conversão, obviamente que é convertida na respectiva proporção, mas neste momento não é um tema que tenha sido colocado em cima da mesa. Dependerá muito da evolução da sociedade e da relação entre o accionista público e o accionista privado. Neste momento aquilo que tem sido o desempenho da sociedade, as contas de 2017, foi muito positivo e isso dá-nos uma perspectiva muito optimista sobre a redução da dívida acumulada. Há uma perspectiva positiva que não põe uma premência sobre a necessidade de as operações serem convertidas.

E quando é que espera receber dividendos da TAP?
Não tenho um horizonte temporal. Neste momento a nossa principal preocupação sobre a TAP tem uma natureza estratégica, do acompanhamento da estratégia da TAP pela importância que a empresa tem nos mais diversos níveis, inclusivamente do impacto que tem enquanto instrumento de natureza económica, nomeadamente ao nível do turismo. O foco é que a TAP tenha um desenvolvimento do ponto de vista de negócio que permita reduzir substancialmente a sua dívida. Isso aconteceu em 2017, mas ainda é preciso ir mais além, precisamos de mais anos positivos. Só depois disso é que haverá distribuição de dividendos.

Como é o relacionamento com os accionistas privados?
Este relacionamento está estabilizado. Acompanhamos a evolução da sociedade ao nível da estratégia, mas não nos imiscuímos na gestão executiva. Do ponto de vista da recuperação da sociedade, os interesses estão perfeitamente alinhados.

Vê com bons olhos a ideia de dispersar parte do capital em bolsa?
No momento adequado, não vejo porque não. Essa declaração tem sido feita pelo accionista privado. Desde que esteja assegurado aquilo que do ponto de vista estratégico o Estado pretende assegurar com a sua participação, não tenho nada nem contra, nem a favor. Neste momento não estão reunidas as condições.

Viu com apreensão as dificuldades financeiras demonstradas pelos chineses da HNA, que são accionistas da Atlantic Gateway?
Tem havido notícias sobre a HNA, neste momento não temos ainda nenhum tipo de reflexo que nos permita comentar sobre a participação da HNA na Atlantic Gateway. Desse ponto de vista não há ainda nenhuma perturbação, nem nenhuma consequência para a actuação da TAP. Os resultados de 2017 foram positivos e é nisso que nos concentramos.