Selecção: um puzzle de peças consagradas com a maturidade de 2016

Fernando Santos anunciou nesta quinta-feira os 23 convocados para o Campeonato do Mundo. Manuel Fernandes e Rúben Dias seguem a bordo, André Gomes e Nani ficam em terra.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Só a “duas ou três horas” do anúncio da lista final dos convocados da selecção portuguesa para o Mundial de futebol de 2018 é que as escolhas ficaram fechadas. Esta imagem, transmitida nesta quinta-feira por Fernando Santos na Cidade do Futebol, em Oeiras, serve para traduzir o grau de dificuldade que representa uma triagem dos melhores dos melhores e cujo resultado é uma equipa com a mesma média de idades daquela que se sagrou campeã da Europa.

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Só a “duas ou três horas” do anúncio da lista final dos convocados da selecção portuguesa para o Mundial de futebol de 2018 é que as escolhas ficaram fechadas. Esta imagem, transmitida nesta quinta-feira por Fernando Santos na Cidade do Futebol, em Oeiras, serve para traduzir o grau de dificuldade que representa uma triagem dos melhores dos melhores e cujo resultado é uma equipa com a mesma média de idades daquela que se sagrou campeã da Europa.

Em casa de Rúben Dias, Ricardo Pereira, Mário Rui, Manuel Fernandes ou Gonçalo Guedes terá havido festa rija com a divulgação dos 23 eleitos que vão representar Portugal na Rússia, dentro de menos de um mês. Este leque comporta provavelmente as escolhas menos evidentes do seleccionador, que contribuíram para que em casa de André Gomes, Nani, João Cancelo ou Rúben Neves se tenha instalado um clima de alguma decepção. Natural, de resto.

“Na minha função tenho de escolher aqueles que melhor compõem este puzzle. Mas não escondo que, em termos pessoais, me custa muito deixar de fora jogadores que participaram no Euro 2016 e que ainda estão no activo. E são muitos”, apontou Fernando Santos.

Na prática, o objectivo foi adequar os recursos humanos a uma ideia de jogo e a um contexto competitivo altamente exigente, com curtos períodos de descanso e adversários tremendamente qualificados. E à imagem do que aconteceu há dois anos, aquando do anúncio dos convocados para o Euro 2016, o seleccionador admitiu que, à medida que ia sendo forçado a separar as águas, as dores de cabeça iam aumentando.

“Quando vamos começando a filtrar, torna-se muito mais complicado. Foi um trabalho intenso que terminou há duas ou três horas, que é quando finalizámos o processo. Importa enquadrar bem os jogadores na nossa ideia de jogo numa competição fortíssima, rápida, com jogos constantes”, justificou.

Quem acabou por interferir, ainda que indirectamente, nesta equação foi Danilo Pereira. A ausência forçada do médio do FC Porto, por lesão, levou Fernando Santos a deixar cair a possibilidade de convocar somente três centrais (o técnico considera que o jogador ocupa também com competência um lugar no eixo da defesa) e abriu as portas, de certa forma, ao rookie Rúben Dias. Uma solução que tem também o mérito de ir preparando a sucessão de pelo menos um dos experientes companheiros de sector que o jovem benfiquista terá na Rússia.

Olhando ainda para o quarteto defensivo, foi Mário Rui que herdou a vaga de Fábio Coentrão (que se mostrou indisponível para a selecção) na esquerda, enquanto Ricardo Pereira suplantou João Cancelo no flanco oposto, fruto de uma excelente temporada ao serviço do FC Porto.

No meio-campo, as opções também eram mais que muitas e o seleccionador optou por Manuel Fernandes em vez de Rúben Neves, assim como escolheu Bruno Fernandes e não André Gomes. Em termos de soluções, Portugal continua bem servido quer no corredor central (onde ainda conta com João Moutinho, Adrien e João Mário, se necessário), quer nas alas, graças à qualidade de Gelson, Bernardo Silva ou Quaresma. E, no ataque, acabou por cair Nani para se levantar Gonçalo Guedes, que tanto pode actuar como extremo como desempenhar o papel de segundo avançado.

“A escolha foi esta e o mais importante é centrarmo-nos no nós. É com estes jogadores que nós vamos fazer tudo para representar Portugal da melhor maneira no Campeonato do Mundo”, insistiu Fernando Santos, plenamente convicto de que o episódio de violência que assolou Alcochete não terá impacto na performance dos jogadores do Sporting. “No dia em que chegarem para treinar, pensarão exclusivamente na selecção nacional”, projectou.

Contas feitas, é uma selecção com experiência e talento, que curiosamente regista a mesma média de idades (27,8 anos) do grupo que ergueu o troféu de campeão europeu em Saint-Denis, há dois anos. Uma selecção que se concentrará para a missão Rússia no dia 27 de Maio, em Braga. “Tentaremos manter os jogadores mentalmente frescos”, explica Fernando Santos. “Se conseguirmos fazê-lo, certamente que estarão bem também nas outras vertentes”.

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