Dos pensos higiénicos às fraldas, aqui nada vai para o lixo

Macios, ecológicos e orgânicos: é este o princípio dos produtos desta marca portuguesa fundada por uma mãe preocupada com o bebé e o ambiente. Troca-se o uso único pelo reutilizável — e Marisa Fernandes diz que não é assim tão difícil

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Grávida do primeiro filho, Marisa Fernandes juntava à lista de preocupações a compra de fraldas para usar uma vez e deitar fora. A quantidade de lixo que formaria incomodava-a e levou-a a “pesquisar alternativas” mais sustentáveis. Feitas as contas a todos os custos, optou por fraldas reutilizáveis. E quando nasceu a filha, repetiu a fórmula. Mas levou-a ainda mais longe.

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Grávida do primeiro filho, Marisa Fernandes juntava à lista de preocupações a compra de fraldas para usar uma vez e deitar fora. A quantidade de lixo que formaria incomodava-a e levou-a a “pesquisar alternativas” mais sustentáveis. Feitas as contas a todos os custos, optou por fraldas reutilizáveis. E quando nasceu a filha, repetiu a fórmula. Mas levou-a ainda mais longe.

Em 2014, a professora primária, 40 anos, começou a produzir e vender as próprias fraldas, a que chamou Fluffy Diapers (em português, fraldas macias), recorrendo a tecido de cânhamo, por ser “natural e super absorvente”.

Mas a “preocupação ambiental” estendia-se para além das fraldas e, no ano passado, decidiu assumir isso mesmo e dar uma nova entidade ao projecto. Manteve o fluffy e acrescentou outros dois adjectivos que pautam a marca: orgânico e eco. A Fluffy Organic & Eco está na etiqueta de produtos feitos à mão em Portugal, recorrendo “a fibras controladas e o mais naturais possíveis”, “amigos” dos pais, dos bebés e do ambiente – e da carteira.

“Basta pensarmos que, no máximo, investimos cerca de 400 euros nas fraldas reutilizáveis”, diz — um investimento que se pode “fazer aos poucos ou até comprar em segunda mão” e que “é mais saudável para o bebé”. Já recorrendo a fraldas descartáveis, “num só filho gastamos cerca de 2000 euros (mais ou menos) durante dois anos”, contabiliza, acrescentando que estas podem ser feitas em algodão biológico, bambu ou cânhamo, por exemplo.

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Maria Fernandes comercializa ainda, online e em lojas parceiras ou mercados artesanais, produtos de outras marcas que sigam o que o nome da marca que fundou promete. Na lista, entra roupa em algodão biológico, pensos higiénicos reutilizáveis, toalhitas reutilizáveis, discos desmaquilhantes de pano, mordedores em madeira natural, produtos de higiene pessoal e limpeza ecológicos (a produção de fraldas está, de momento, em stand by, havendo ainda algumas disponíveis). Não produz, mas defende que é urgente repensar o uso de (principalmente) três produtos: “garrafas de plástico, palhinhas e cotonetes”.

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No Men

Fala por experiência própria quando diz que, nos produtos reutilizáveis, como fraldas e pensos, a prática “vem com o dia-a-dia”. “Costumo dizer que em vez de ir ao caixote do lixo deitar as fraldas, coloco-as na máquina de lavar”, brinca. É preciso os pais estarem “receptivos”, porque poderão surgir “algumas dificuldades”, “principalmente na rotina da lavagem” (que, no caso de Marisa Fernandes, desapareceram com a filha).

Ao mudar a fralda dos filhos, despertava “muita curiosidade, umas negativas e outras positivas”, mas depois de “explicadas as vantagens e benefícios as pessoas ficavam a pensar”, conta.

O mesmo se passa com os pensos higiénicos reutilizáveis (custo médio de 15 euros), que Marisa Fernandes, nascida na Guarda e a viver em Lisboa, diz serem “mais confortáveis”, “respiráveis” e evitarem “os odores desagradáveis provocados pelos plásticos e químicos dos descartáveis”. E “são muito mais bonitos, para alegrar o nosso humor naqueles dias”, brinca, num guia, disponível online, onde explica como devem ser usados.

Mais contas: em média, uma mulher tem 450 ciclos ao longo da vida — o que se reflecte em cerca de 130 quilogramas de pensos higiénicos, tampões e aplicadores que acabam no lixo (ou noutra alternativa mais sustentável, os copos menstruais).

“As pessoas gostam sempre de conversar cara a cara com alguém que já tenha passado pela experiência”, diz. E depois, mudam? “Infelizmente, não é muito fácil mudar hábitos”, remata. "O descartável tem ainda muitos adeptos."