Oito esculturas com beatas apanhadas do chão vão estar expostas em Setúbal

Mais de 70 mil pontas de cigarro recolhidas em 11 acções realizadas em 2017 na zona urbana e praias do Sado são a matéria prima utilizada na concepção de obras de arte abstracta.

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Que fazer com as 74.658 beatas que 144 voluntários recolheram em 11 acções nas praias do Sado e na zona urbana de Setúbal que decorreram desde Abril de 2017? Esta era a dúvida que apoquentava o grupo Feel4Planet quando terminou a campanha #STBSEMPONTAS que organizara. A solução surgiu através de uma proposta da artista plástica Ana Quintino, natural e residente em Setúbal: dar-lhes forma através da arte e desta forma dar continuidade à sensibilização e consciencialização das pessoas para o duplo malefício do tabaco.

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Que fazer com as 74.658 beatas que 144 voluntários recolheram em 11 acções nas praias do Sado e na zona urbana de Setúbal que decorreram desde Abril de 2017? Esta era a dúvida que apoquentava o grupo Feel4Planet quando terminou a campanha #STBSEMPONTAS que organizara. A solução surgiu através de uma proposta da artista plástica Ana Quintino, natural e residente em Setúbal: dar-lhes forma através da arte e desta forma dar continuidade à sensibilização e consciencialização das pessoas para o duplo malefício do tabaco.

Carolina Nunes, uma das quatro jovens fundadoras do grupo Feel4Planet, criado em 2017, contou ao PÚBLICO que as “beatas foram mantidas guardadas" pois não sabiam o que fazer a uma carga de lixo equivalente a 2652 maços de tabaco.

A ideia de Ana Quintino de recorrer à arte, “vai permitir continuar a chamar a atenção das pessoas para a problemática das beatas e do mau hábito de as atirar para o chão”. A exposição das oito esculturas e de três quadros pintados, “para além de ser uma boa ideia, é uma forma diferente de realçar o acto reprovável de mandar as pontas dos cigarros para qualquer lado”. Possibilita ainda chamar a atenção das pessoas para “as questões do lixo marinho e urbano e o perigo que estas representam para o ambiente", acentuou a jovem. A concepção das esculturas passa pela confecção de bastantes peças em forma de colares de missangas.

No decorrer das acções de recolha de beatas, as jovens do Feel4Planet tentavam sempre contabilizar o que apanhavam do chão. “Contámos as beatas uma a uma procurando obter o número mais correcto possível” sublinha Carolina Nunes. E desta forma, juntaram 74.658 beatas sendo que as apanharam na zona urbana de Setúbal eram maiores e menos degradadas do que as recolhidas nas praias, que se encontravam mais degradadas”, acrescenta

Os 144 voluntários realizaram ao longo do último ano nove acções e recolheram 53.032 beatas. As restantes beatas, que perfizeram as 74.658, foram apanhadas no decorrer de duas jornadas realizadas durante o primeiro trimestre deste ano. Cerca de 13 horas foi o tempo somado das 11 acções. 

Carolina Nunes diz que o grupo de que faz parte fez uma estimativa sobre o número de beatas que em Portugal são mandadas para chão em cada minuto que passa: “Obtivemos uma média de 7 mil beatas”, o que dá uma ideia da amplitude do problema associado a um gesto que tem sido difícil de erradicar.

A exposição "Beata no chão, no mar, na areia: uma perigosa viagem" abrirá ao público no próximo dia 4 de Abril pelas 21h no Auditório Casa do Largo/Pousada da Juventude de Setúbal e decorrerá até ao dia 23 de Abril.