Nos sobe dividendo e entrega 80 milhões à Sonae e a Isabel dos Santos

Empresa vai pagar 30 cêntimos por acção relativos a 2017, ano em que os lucros subiram 37%, para 124 milhões.

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Luís Nascimento, administrador executivo da Nos, e Miguel Almeida, presidente executivo da empresa Sebastião Almeida

Pelo segundo ano consecutivo, a Nos voltará a entregar em dividendos aos seus accionistas um valor superior aos lucros anuais. A empresa de telecomunicações registou um resultado líquido de 124,1 milhões de euros em 2017 e vai distribuir 30 cêntimos por cada acção, mais 50% que os 20 cêntimos de 2016.

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Pelo segundo ano consecutivo, a Nos voltará a entregar em dividendos aos seus accionistas um valor superior aos lucros anuais. A empresa de telecomunicações registou um resultado líquido de 124,1 milhões de euros em 2017 e vai distribuir 30 cêntimos por cada acção, mais 50% que os 20 cêntimos de 2016.

Com este nível de remuneração (um total aproximado de 155 milhões de euros), a operadora liderada por Miguel Almeida vai pagar em dividendos ao principal accionista, a Zopt – que é controlada pela Sonae (dona do PÚBLICO) e pela empresária angolana Isabel dos Santos e tem 52% do capital – cerca de 80 milhões de euros, ou seja, aproximadamente 40 milhões a cada um dos dois accionistas representados no conselho de administração da empresa.

É uma remuneração accionista que o administrador financeiro da Nos, José Pedro Pereira da Costa, definiu como “atractiva, mas também sustentada”, porque a empresa continua a aumentar a sua capacidade de libertar cash-flow. Em 2017, a libertação de capital antes do pagamento de dividendos atingiu 133 milhões de euros, mais 80 milhões do que no ano anterior. É este “forte ritmo” de geração de free cash flow que lança “as bases” para o “aumento muito significativo” do dividendo, explicou, na conferência de apresentação de contas.

Frisando que a estrutura de capital da Nos “é muito sólida e conservadora” e que “os rácios de dívida sobre os resultados estão muito abaixo do que é prática na indústria”, o presidente da empresa, Miguel Almeida, admitiu que o dividendo tem “até” condições para continuar a aumentar no futuro.

A dívida líquida da Nos atingiu 1805 milhões de euros no final de 2017 (menos 2,4% face a 2016), enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) gerado pela empresa melhorou 4,3%, para 580,6 milhões de euros.

As receitas cresceram 3,1% e totalizaram 1.561 milhões de euros (dos quais 1.487 milhões correspondem ao negócio de telecomunicações), num ano em que a empresa vendeu mais 330 mil serviços de telecomunicações (para um total de 9,4 milhões se serviços subscritos), dos quais 217 mil são novos clientes de móvel, “que é o serviço que continua a crescer mais”.

Em 2017, a Nos manteve o investimento em torno dos 350 milhões de euros, que foram canalizados essencialmente para a “modernização das redes” fixa e móvel, um esforço que, segundo a gestão da empresa, irá manter-se no próximo ano.

Questionado na conferência de imprensa sobre as polémicas em torno de Isabel dos Santos (como o afastamento da Sonangol e as acusações sobre o não-pagamento de dividendos da Galp), Miguel Almeida respondeu que as “questões individuais sobre os accionistas não afectam de forma alguma o funcionamento e o modelo de governo” da empresa. “É algo que não nos diz respeito, não conhecemos, não sabemos”, disse o gestor.