Da Índia aos EUA, as mulheres estão em minoria na toponímia

Não é só em Portugal que as mulheres dão nomes a menos ruas. Uma investigadora espanhola e uma engenheira indiana fizeram o mesmo exercício para outras cidades e chegaram à mesma conclusão.

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Nuno Ferreira Santos

A ausência de mulheres na toponímia não é um fenómeno exclusivo de Portugal. María Novas, uma arquitecta e investigadora que estuda a relação entre o género e a arquitectura, chegou à mesma conclusão para as ruas de Santiago de Compostela, na Galiza, Espanha. A partir da Índia, a engenheira Aruna Sankaranarayanan avaliou as diferenças entre os nomes de homens e mulheres em sete cidades e descobriu o mesmo.

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A ausência de mulheres na toponímia não é um fenómeno exclusivo de Portugal. María Novas, uma arquitecta e investigadora que estuda a relação entre o género e a arquitectura, chegou à mesma conclusão para as ruas de Santiago de Compostela, na Galiza, Espanha. A partir da Índia, a engenheira Aruna Sankaranarayanan avaliou as diferenças entre os nomes de homens e mulheres em sete cidades e descobriu o mesmo.

Depois de contar todos os nomes próprios da sua cidade e os dividir por género, a espanhola María Novas concluiu que, em Santiago de Compostela, só um terço das ruas são de mulheres. “Ainda assim, há bastantes mais mulheres do que noutras cidades espanholas.” Isto tem a ver com o facto de Santiago ser “uma cidade historicamente muito vinculada ao catolicismo” e ter muitos nomes de santas — cerca de 80% dos topónimos femininos são religiosos.

Ao telefone com o PÚBLICO, a investigadora espanhola explica que a presença diminuta das mulheres nas ruas da sua cidade é algo a que “sempre” esteve atenta. “Custa muito encontrar nomes femininos.” Foi por isso que se interessou por contabilizar esta diferença.

Esta discrepância mostra, tal como apontam outros investigadores e especialistas portugueses, que “as mulheres não estavam a ocupar as posições públicas de que se ocupavam os homens”. Nos casos em que se encarregavam, no passado, de profissões com alguma visibilidade, estas não eram consideradas “prestigiantes”. Além disso, tem a ver com o género que está a ocupar os “espaços de poder”, adianta María Novas.

A engenheira indiana Aruna Sankaranarayanan também fez este exercício, mas para sete cidades em todo o mundo. Mapeou os nomes das ruas de Londres, Paris, São Francisco, Bombaím, Nova Deli, Chennai e Bangalore. A conclusão foi a mesma. As mulheres continuam sub-representadas na toponímia, mesmo nas grandes cidades.