Até onde podes vir comigo?

Se afirmarmos esta matriz doutrinária com clareza traremos de volta ao CDS muitos dos que saíram.

A propósito do congresso do CDS que se realizará em Março, importa clarificar opiniões e pontos de vista. Um partido não é um grupo de amigos que se reúne para conviver mas sim um conjunto de pessoas que assume um compromisso público, baseado em premissas claras e objectivas.

A verdade faz-nos mais fortes

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A propósito do congresso do CDS que se realizará em Março, importa clarificar opiniões e pontos de vista. Um partido não é um grupo de amigos que se reúne para conviver mas sim um conjunto de pessoas que assume um compromisso público, baseado em premissas claras e objectivas.

Costuma-se dizer que antes só que mal acompanhado, mas a solidão nada traz de bom, portanto prefiro rodear-me de boa gente e tentar perceber o que nos aproxima, em vez de adensar o que nos separa.

Aliás, a maior conquista da humanidade é a capacidade de poder escolher, em consciência, o seu rumo e é essa livre escolha que nos faz ou não profundamente livres e consequentemente felizes, ou agrilhoados e soturnos.

Escolher, em consciência, obriga-nos a um profundo respeito por nós próprios, a uma prova de vida interior constante, a um discernimento que não se confunde com a mera pré-ocupação da mente com problemas que nunca chegam a existir e que nos ataviam.

Só assim posso partir para o próximo com profundo e genuíno sentimento fraterno, promovendo com o outro o bem comum, a casa onde todos habitam e que a ninguém pertence, mas que é condição de harmonia, qualidade de vida e contentamento geral.

Estas relações na pólis têm tanto de maravilhoso como de desgastante e medíocre, apenas porque sabemos pouco sobre cada um, porque não nos detemos a encontrar um denominador comum que nos una e agregue em torno desse bem maior que é de todos sem pertencer a nenhum.

É aqui que surgem os partidos políticos, como factores de agregação e de representatividade de interesses comuns, devendo respeitar e seguir uma carta de princípios que claramente os distinga de todos os outros, sem chamar a si a verdade absoluta, mas pugnando pela diferença e com respeito intrínseco pela verdade dos outros.

O CDS-PP, partido onde me situo, tem uma matriz clara e apaziguadora de todos os que a desejam seguir, mas também daqueles que, não concordando, seguem outros caminhos.

É para nós denominador comum, e acima de qualquer ideologia, o primado do humanismo personalista de inspiração cristã que promove a dignidade da vida humana, desde a sua concepção até à morte natural; a família natural como célula base fundamental e que carece de descriminação positiva, pela sua capacidade de combater o deserto demográfico e de assistir os idosos em fim de vida; o Estado social que cuida e protege, promovendo o que de melhor a sociedade tem para oferecer junto de quem mais precisa — subsidiariedade; e, finalmente, a economia de mercado através de um Estado forte, regulador e protector do bem comum, onde a conservação de sectores estratégicos seja garante de soberania e de inteligência nacional, a par de uma efectiva e justa política fiscal que liberte a classe média da asfixia e a promova a motor da economia e do livre pensamento.

Assim, já estou em condições de afirmar "até onde podes vir comigo" e, sem guerras, aflições e constrangimentos, dizer a todos os que não seguirem este denominador comum que podem ser meus amigos, mas nunca serão meus representantes políticos. E eu também nunca os representarei, porque essa é premissa da minha liberdade de escolha e sem ela nunca poderei descobrir o que restou de mim em ti.

Acredito que esta matriz doutrinária e políticas consequentes representam a grande maioria das aspirações do povo português e que se a afirmarmos com clareza, com convicção e genuína vontade de a aplicar, traremos de volta ao CDS muitos dos que saíram. Mas e acima de tudo, devolveremos aos abstencionistas, que se fartaram de esperar, uma esperança real de reconciliação com o constructo da causa pública e consequente participação cívica.