Ambientalistas lamentam "atitude despreocupada" do Estado sobre vespa asiática

Quercus considera inaceitável que produtores florestais e organizações ambientais não participem na comissão criada para acompanhar este problema.

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PAULO PIMENTA

A associação ambientalista Quercus alertou nesta quinta-feira para a "atitude despreocupada do Estado" relativamente à praga da vespa asiática e considera inaceitável que produtores florestais e organizações ambientais não participem na comissão criada para acompanhar este problema.

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A associação ambientalista Quercus alertou nesta quinta-feira para a "atitude despreocupada do Estado" relativamente à praga da vespa asiática e considera inaceitável que produtores florestais e organizações ambientais não participem na comissão criada para acompanhar este problema.

"A atitude despreocupada do Estado faz temer o aumento da praga da vespa", segundo um comunicado da associação de defesa do ambiente, que se diz desiludida com a nova legislação que "não traz soluções".

Os ambientalistas referem ainda a ausência das entidades representativas de produtores florestais e do ambiente na Comissão de Acompanhamento para a Vigilância, Prevenção e Controlo da Vespa Velutina (CVV), uma situação que esperam que mude com uma reformulação do diploma.

Esta comissão foi recentemente criada com o objectivo de garantir a prevenção, controlo, informação ao público e vigilância "desta praga que assola quase todo o país", acrescenta a Quercus.

"Segurança da população"

O problema da vespa velutina (ou vespa asiática) abrange "a segurança da população, mas também da biodiversidade, agricultura, ambiente e florestas" e a Quercus diz ser "inaceitável que não estejam englobados na Comissão criada por este despacho as Organizações de Produtores Florestais (OPF), as Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGA) e as suas respectivas federações e confederações".

"Não pode o Estado estar sempre a repetir que é necessária a intervenção da sociedade civil e depois deixar as organizações da sociedade civil de fora da CVV, especialmente quando é necessário o envolvimento de todos, e principalmente de quem está implantado no terreno", acrescentam os ambientalistas.

Desde que foi designada espécie invasora, em 2014, "todas as medidas de combate à praga foram ineficazes dando já uma ideia da complexidade exigida para conseguir resultados positivos", apontam ainda.

Um despacho publicado em Diário da república a 6 de Outubro de 2017 criou a comissão de acompanhamento da vespa asiática reflectindo o objectivo do Ministério da Agricultura, liderado por Luís Capoulas Santos, de obter uma avaliação da estratégia de combate a esta espécie invasora, avistada já em 12 distritos, apesar das tentativas de controlo dos últimos dois anos.

A vespa velutina é uma espécie asiática com uma área de distribuição natural pelas regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia, sendo a sua existência reportada desde 2011 na região norte de Portugal.

Os principais efeitos da presença desta espécie não indígena manifestam-se não só na apicultura, por se tratar de uma espécie carnívora e predadora das abelhas, mas também para a saúde pública, porque, embora não sendo mais agressivas do que a espécie europeia, reagem de modo muito agressivo se sentirem os ninhos ameaçados, podendo fazer perseguições até algumas centenas de metros.

A comissão é presidida em conjunto por representantes da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), integrando elementos das várias direcções regionais de agricultura, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Direcção-Geral de Saúde, Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (GNR-SEPNA), Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) e associações dos municípios (ANMP) e das Freguesias (ANAFRE).