Querer continuar

O conservador não gosta de mudanças não porque seja contra as mudanças mas porque gosta daquilo que vai ser mudado.

O conservador é fácil de explicar. O conservador não gosta de mudanças não porque seja contra as mudanças mas porque gosta daquilo que vai ser mudado.

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O conservador é fácil de explicar. O conservador não gosta de mudanças não porque seja contra as mudanças mas porque gosta daquilo que vai ser mudado.

Reconhece que quase tudo de que gosta - o estado das coisas - se deve a mudanças ocorridas num passado relativamente recente. Logo, gosta das mudanças mas só quando se tornam hábitos.

Quando Portugal se juntou à União Europeia (UE) o conservador não gostou, tendo medo que Portugal mudasse por causa disso. Mas, passados uns aninhos, afeiçoa-se pela UE e habitua-se a ver Portugal como parte da UE.

Agora o medo que tem é que Portugal se separe da UE, porque isso seria uma mudança tão grande como juntar-se à UE. Quando alguém aponta a contradição — "então eras contra Portugal na UE e agora és a favor?" - explica que, agora que está habituado, Portugal na UE faz parte do estado das coisas, que importa defender. Agradece a quem pôs Portugal na UE e agradece não terem ligado nada àquilo que ele achava na altura.

É como a criança que não quer tomar banho que, quando está a tomar banho, já não quer sair. Não há contradição. A criança não queria interromper o que estava a fazer para ir tomar banho. Enquanto está a tomar banho continua a não querer interromper o que está a fazer.

Estar no banho ou fora do banho não interessa. A palavra importante é continuar. As mudanças são interrupções. Os conservadores defendem-se habituando-se não às interrupções — que continuam a odiar — mas às situações que as sucedem. Faz sentido e é humano.